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"Trump me disse para processar a UE", afirma May

15 jul 2018 - 09h42
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Após presidente dos EUA declarar que primeira-ministra do Reino Unido ignorou conselho dele sobre o Brexit, líder britânica revela qual foi a sugestão do americano: não entrar em negociações com a União Europeia.A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, afirmou neste domingo (15/07) que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a aconselhou a processar a União Europeia (UE) como parte da estratégia para o Brexit.

Em entrevista concedida ao jornal britânico The Sun na semana passada, pouco antes de um encontro entre Trump e May durante a primeira visita oficial do presidente ao Reino Unido, o líder americano afirmou que havia aconselhado May sobre como conduzir a saída da União Europeia, mas que a premiê o havia ignorado.

A declaração chocou muitos no Reino Unido, até mesmo oponentes de May. Numa coletiva de imprensa ao lado da premiê britânica no dia seguinte, Trump disse ter se tratado mais de uma sugestão que de um conselho e que talvez a premiê tenha considerado sua sugestão "brutal demais". Ele afirmou entender por que May achou a ideia "um pouco dura".

Ao ser questionada num programa da emissora BCC sobre o conteúdo do tal conselho de Trump, May respondeu: "Ele me disse que eu deveria processar a União Europeia. Não entrar em negociações, mas processá-los."

A líder britânica afirmou que, "interessantemente", ao visitar o Reino Unido, Trump a aconselhou a não abandonar as negociações com a UE sobre o Brexit agora que estas estão em curso.

Na entrevista publicada pelo The Sun, o presidente americano também criticou os planos de May para o Brexit e afirmou que o ex-ministro do Exterior Boris Johnson, que acaba de renunciar ao cargo, seria um ótimo premiê.

Ao se reunir com May, ele minimizou suas críticas, afirmando se tratar de "fake news" e prometeu um acordo comercial com o Reino Unido após o país deixar a União Europeia, em março do ano que vem. Ele descreveu May como uma "mulher incrível", que faz um "trabalho fantástico" como chefe de governo.

Os eleitores britânicos votaram pela saída do país da União Europeia em um referendo em meados de 2016, e a questão vem dominando a política do país desde então. A menos de nove meses do prazo para o Brexit se concretizar, políticos e empresários permanecem profundamente divididos quanto às condições do divórcio.

As propostas para a futura relação com Bruxelas apresentadas por May na semana passada que defende um Brexit mais suave, preveem manter o Reino Unido no mercado de bens de consumo e produtos agrícolas após o Brexit, mas sem relações estreitas no setor de serviços, que inclui os bancos e o setor financeiro e responde por 80% da economia britânica.

O texto fala num "esquema facilitado de alfândegas", que faria com que o país e os 27 Estados-membros da UE funcionassem como um "único território alfandegário".

O plano de um Brexit mais suave foi definido pelos ministros do governo após os esforços da chefe de governo por um consenso no gabinete. O projeto, no entanto, foi muito criticado por eurocéticos e levou à renúncia tanto de Johnson, um dos rostos da campanha pela saída da UE, quanto do até então negociador-chefe do Brexit, David Davis.

O chamado soft Brexit desagrada a muitos conservadores, que veem as propostas apresentadas por ela como concessões demasiadas. Para Johnson, o plano da premiê britânica vai transformar o Reino Unido numa colônia da União Europeia.

Trump, por sua vez, questionou se a proposta de May está em linha "com o que foi votado" pela população britânica em referendo.

LPF/ap/afp/rtr

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