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'Tenho 200 canetas e não vou admitir baderna', diz Ibaneis

Governador do DF desmontou manifestações de bolsonaristas e fechou a Esplanada dos Ministérios

17 jun 2020 - 16h27
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BRASÍLIA - Depois de desmontar manifestações de bolsonaristas e fechar a Esplanada dos Ministérios, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou que continuará impedindo atos antidemocráticos na capital federal. Desde domingo, 14, Ibaneis editou dois decretos para bloquear o trânsito e a circulação de pessoas na Esplanada e um deles termina nesta quarta-feira, 17.

"Estou fazendo isso para manter a segurança de todos, tanto das autoridades quanto da população", afirmou o governador ao Estadão/Broadcast. "Tenho umas 200 canetas e de tinta eu tenho mais umas duas gavetas. Então, o que precisar ser feito aqui, vai ser feito. Não vou admitir baderna na minha cidade, não."

No domingo, Ibaneis exonerou o número 2 da Polícia Militar do DF, coronel Sérgio Luiz Ferreira de Souza, do cargo de subcomandante-geral, após um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro ter disparado fogos de artifício na direção do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Sempre digo que carta branca todo mundo tem. Cartão vermelho só quem tem sou eu, que fui eleito. Então, eu não fiquei satisfeito, acho que ele deveria ter adotado outra postura e exonerei. Só não foi o comandante porque ele estava com covid-19, internado", afirmou Ibaneis.

Para o governador, a PM tinha meios para identificar e impedir o ataque. "Um foguetório daquele que teve, hoje em dia com as inteligências e tudo, era para se saber. E outra, aqueles fogos duraram mais de 15 minutos. Onde a Polícia Militar estava nessa hora?", questionou.

O ataque ao prédio do Supremo ocorreu na noite de sábado, 13. No mesmo dia, a PM havia desmobilizado um acompanhamento do grupo autodenominado "300 do Brasil". Renan Sena, identificado como autor dos disparos de fogos, foi detido pela Polícia Civil do DF. Outros integrantes do grupo, como Sara Giromini, foram presos pela Polícia Federal.

"As manifestações feitas nas últimas semanas não se mostraram democráticas, dentro do meu ponto de vista de interpretação, e eu não vou permitir que isso aconteça no Distrito Federal", declarou o governador.

Ibaneis disse não ver incentivo de Bolsonaro a atos violentos, como os disparos de fogos na direção do Supremo. "Sempre que o presidente se manifestou sobre aqueles atos ditos como inconstitucionais, e eu considero assim também, ele sempre se referiu como pessoas infiltradas", afirmou ele, evitando polemizar com Bolsonaro.

Questionado se o presidente poderia amenizar os ânimos de apoiadores em manifestações, Ibaneis desconversou. "O que o presidente pode ou não fazer aí é a vida dele. Ele se elegeu do mesmo jeito que eu. Deixa isso quieto."

Na avaliação do governador, o inquérito conduzido pelo Supremo para apurar a organização de atos antidemocráticas poderá esclarecer se os ataques violentos são isolados ou orquestrados. "Só o que vai esclarecer isso vai ser a investigação. Por isso, eu vejo com bons olhos a investigação que o Supremo está fazendo", disse Ibaneis.

Estadão
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