PUBLICIDADE

WhatsApp acusa empresa de Israel de auxiliar invasões a telefones de jornalistas

Aplicativo de mensagens entrou com processo contra empresa de vigilância NSO, afirmando que grupo atuou ilegalmente

29 out 2019 - 20h44
Compartilhar
Exibir comentários

O aplicativo de mensagens WhatsApp entrou com um processo em uma corte federal dos Estados Unidos nesta terça-feira, 29, contra a empresa de vigilância israelense NSO Group. O WhatsApp, que é de propriedade do Facebook, acusa a empresa de ajudar governos pelo mundo a invadir dispositivos de mais de 100 pessoas em todo o planeta, incluindo jornalistas, ativistas de direitos humanos e mulheres que foram vítimas de ataques online. O processo está sendo visto como uma forma de reprimir os abusos feitos pelas empresas de segurança e vigilância online.

Segundo o WhatsApp, a NSO Group ajudou órgãos governamentais a instalar softwares maliciosos nos dispositivos dos usuários por meio de chamadas de vídeo de WhatsApp - mesmo se o alvo do ataque não tivesse respondido à ligação. O malware da empresa teria sido capaz de espionar e interceptar comunicações dos usuários, roubando fotos e outros tipos de dados, ativando microfones e rastreando a localização dos usuários, disseram fontes próximas à tecnologia da NSO. Os alvos também incluíam advogados e figuras religiosas e foram identificados em 20 países diferentes.

Apesar das queixas de ativistas por privacidade e direitos humanos, esta é a primeira vez que um aplicativo de mensagens criptografado entra com uma ação judicial contra uma empresa de vigilância, disseram fontes próximas ao caso. "É algo sem precedentes", disse John Scott Railton, pesquisador sênior do Citizen Lab da Universidade de Toronto. Ele trabalhou com o WhatsApp no caso. "É um grande passo." Procurada, a NSO Group não respondeu imediatamente.

Em nota, o WhatsApp disse que a empresa acredita que a NSO violou a lei americana e a da Califórnia, bem como os termos de serviço do WhatsApp. O aplicativo de mensagens tem criptografia de fim a fim, tornando difícil interceptar as comunicações, mas a tecnologia ainda é vulnerável à invasão de dispositivos de indivíduos específicos. Desde 2013, com as revelações do informante Edward Snowden, empresas como Facebook, Google e Microsoft intensificaram seu uso de criptografia como forma de defender os usuários. Em reação, porém, surgiram os negócios de vigilância como a da NSO, que consiste em hackear os alvos em vez de interceptar as chamadas.

O WhatsApp disse ainda que bloqueou um ataque sofisticado feito com software da NSO em maio e alertou 1,4 mil usuários que poderiam ter sido afetados. Ao menos 100 vítimas foram identificadas. "O número pode crescer conforme as vítimas nos avisam. Estamos comprometidos em fazer o que pudermos, em parcerias com a indústria, para proteger os usuários", declarou o aplicativo, por meio de nota. / TRADUÇÃO DE BRUNO CAPELAS

Estadão
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Publicidade