Varejo, sem Lei do Bem, não repassou aumento no preço para celulares
Os celulares poderiam ter ficado ainda mais caros em 2019...
Uma notícia boa para os consumidores, mas não tão boa para comerciantes: o varejo não repassou ao cliente um aumento no valor final de celulares neste ano, mesmo que tenha implicado em um lucro abaixo do esperado.
A Lei do Bem é um incentivo que o governo concedia — encerrado neste ano — para aparelhos de até R$ 1,5 mil. Vigente desde 2005, ela entregava uma redução no Imposto de Renda e isenção de PIS/Cofins para empresas que invistam em inovação e vendem dispositivos com conexão à internet.
Segundo a Folha, citando fontes no varejo, o imposto que era cortado não foi repassado ao consumidor. O motivo seria o orçamento dos próprios clientes: apertado, as pessoas estão precisam adiar a compra de novos celulares. A consultoria IDC, em pesquisa, indica esse ponto: as vendas recuaram 6% no primeiro trimestre.
De acordo com Renato Meireles, analista de mercado de Mobile Phones & Devices da IDC Brasil, neste primeiro trimestre o cenário macroeconômico ainda desfavorável no Brasil e a incerteza sobre a reforma da Previdência mantiveram a freada no consumo.
O vice-presidente do Magazine Luiza, Fabrício Garcia, afirmou para a Folha que a varejista estimou um aumento de 5% a 6% no valor dos smartphones, o que acabou não ocorrendo: "Nossos concorrentes não repassaram, acabou tendo um sacrifício [de margem de lucro]", disse ele. Em nota, a Via Varejo, que é dona do Ponto Frio e Casas Bahia, também disse que não repassou o aumento e acabou com uma receita menor. Outra empresa, a B2W (Americanas e Submarino), também sofreu impacto, mas continuou positiva: era esperada uma receita bruta de 25%, mas foram registrados 15%.
Mesmo assim, Renato Meireles, do IDC, diz que "a receita apresentou novamente crescimento, o que se explica pelo aumento dos preços, impactados pela flutuação cambial, e pelo aumento da participação de produtos nas faixas premium e intermediária no mercado".
O que isso significa? Celulares mais caros, tops de linha, foram os alvos de boa parte dos consumidores.
"A demanda por feature phones é pequena, e se concentra em áreas mais remotas ou rurais onde o uso é predominantemente do telefone em si, principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Mas há também um nicho de consumidores minimalistas, que não buscam tecnologia, mas só o essencial, para uma vida mais simples", explica Meireles. Segundo o analista, a previsão é que as vendas de feature phones cresça 0,4% neste ano, chegando a 2,6 milhões de unidades. Para os smartphones, a previsão é que sejam vendidas 43,38 milhões (43.382.000) de unidades até o final do ano, 2,4% menos do que em 2018, mas o valor movimentado deve crescer 12%, chegando a R$ 59,6 bilhões, graças a novos lançamentos e novas marcas entrando no mercado