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Ultima Thule: sonda da Nasa mostra imagem mais detalhada do objeto mais distante já explorado no espaço

Foto permite ter uma visão muito mais nítida de buracos profundos na superfície do objeto pequeno e gelado com formato de boneco de neve que recebeu o nome de Ultima Thule.

25 jan 2019 - 17h35
(atualizado em 26/1/2019 às 19h55)
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Segundo os cientistas, a Ultima Thule é um pequeno corpo feito de rocha e gelo e composto por dois objetos que se fundiram
Segundo os cientistas, a Ultima Thule é um pequeno corpo feito de rocha e gelo e composto por dois objetos que se fundiram
Foto: NASA/JHU-APL/SWRI / BBC News Brasil

A sonda New Horizons da Nasa divulgou uma imagem nova e mais detalhada do objeto espacial com o formato de boneco de neve que batizou de Ultima Thule, termo em latim que significa algo como "um lugar além do mundo conhecido".

Trata-se do objeto celeste mais distante já explorado, a cerca de 6,5 bilhões de quilômetros da Terra.

A sonda conseguiu se aproximar dele no dia 1º de janeiro e registrou imagens quando estava a apenas 6.700 km de distância.

Segundo os cientistas, a Ultima Thule é um pequeno corpo feito de rocha e gelo composto por dois objetos que se fundiram - lembrando algo como um boneco de neve ou um amendoim.

Ele foi descoberto em 2014 pelo telescópio Hubble, mas só agora, com o sobrevoo, detalhes da sua superfície ficaram mais claros.

A New Horizons se aproximou da Ultima Thule porque a Nasa queria explorar algo além de Plutão e esse objeto era alcançável.

Imagem mais nítida

A nova foto divulgada da superfície foi obtida com uma câmera especial da sonda, a Multicolor Visible Imaging Camera (MVIC), e oferece uma resolução de 135 pixels por metro.

Há outra versão da imagem tirada com resolução ainda maior pelo telescópio Imaging Long Range Reconnaissance Imager (LORRI) também da sonda, mas os dados dela ainda não foram transmitidos.

Os dados registrados durante a missão são enviados muito lentamente devido a sua distância da Terra.

Como resultado, levará 20 meses para que todas as fotos e outras observações científicas sejam recebidas pela Nasa, mesmo que todas essas informações tenham sido coletadas em muito menos tempo, durante o sobrevoo.

Os detalhes de Ultima Thule

Os detalhes visíveis até o momento, entretanto, já são considerados fascinantes.

As imagens possibilitam ver o contorno definido de vários buracos na superfície.

O comprimento total do "boneco de neve" é de cerca de 33 km.

O objeto encontrado promete ajudar cientistas a entenderem melhor os processos de formação de planetas
O objeto encontrado promete ajudar cientistas a entenderem melhor os processos de formação de planetas
Foto: NASA / BBC News Brasil

Pesquisadores terão de identificar se os buracos são crateras de impacto ou vazios criados por algum outro tipo de processo - como a fuga de materiais voláteis.

A New Horizons localizou a Ultima a 6,5 bilhões de quilômetros da Terra. Ela fica em uma região do Sistema Solar conhecida como Cinturão de Kuiper.

A chance de uma colisão com outros objetos deveria ser extremamente baixa, mas este boneco de neve provavelmente foi criado bem no início da formação do Sistema Solar e teve tempo de arranjar pelo menos algumas cicatrizes.

O que há de tão especial no cinturão de Kuiper?

Vários fatores tornam a Ultima Thule, e a região em que se move, tão interessante para os cientistas.

Um deles é que o sol é tão fraco nesta área que as temperaturas ficam cerca de 30 ou 40 graus acima do zero absoluto - a extremidade mais baixa da escala de temperatura e o mais frio que átomos e moléculas possivelmente podem atingir. Como resultado, reações químicas na área praticamente não acontecem. Isso significa que a Ultima Thule está em um nível de congelamento tão profundo que provavelmente está perfeitamente preservada no estado em que se formou.

Outro fator é que esse objeto espacial é pequeno (cerca de 33 km na maior dimensão), e isso significa que ele não tem o tipo de "motor geológico" que em objetos maiores costuma reformular suas composições.

E um terceiro fator é simplesmente a natureza muito tranquila do ambiente no cinturão de Kuiper.

Ao contrário do que ocorre no Sistema Solar Interior - nome dado à região que comprende os planetas interiores e os asteróides -, existem muito poucas colisões entre objetos.

O principal pesquisador da New Horizons, o professor Alan Stern, disse: "Tudo o que vamos aprender sobre Ultima - da sua composição a sua geologia, como ela foi originalmente agrupada, se ela tem satélites e uma atmosfera, e outras coisas do tipo - vai nos ensinar sobre as condições originais de formação no Sistema Solar que todos os outros objetos de onde nós saímos, que orbitamos, sobrevoamos e onde pousamos não podem nos dizer porque são grandes e evoluem, ou são quentes. A Ultima é única. "

A sonda localizou a Ultima a 6,5 bilhões de quilômetros da Terra, em uma região conhecida como Cinturão de Kuiper
A sonda localizou a Ultima a 6,5 bilhões de quilômetros da Terra, em uma região conhecida como Cinturão de Kuiper
Foto: BBC News Brasil

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