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Tim Cook critica uso de dados pessoais como 'armas' por empresas de tecnologia

O presidente executivo da Apple não nomeou as empresas a que se referia, mas ficou claro que os alvos da crítica eram Google e Facebook; Tim Cook também defendeu regulamentações de privacidade

24 out 2018 - 12h44
(atualizado às 14h02)
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O presidente executivo da Apple, Tim Cook, criticou nesta quarta-feira, 24, a forma como dados pessoais estão sendo usados por empresas de tecnologia para obter lucro. Segundo ele, hoje existe um "complexo industrial de dados". "Nossas próprias informações, de coisas do cotidiano a aspectos profundamente pessoais, estão sendo usadas contra nós", disse o executivo, enquanto participava de uma conferência internacional sobre proteção de dados e privacidade digital no Parlamento Europeu, na Bélgica.

Tim Cook não nomeou as empresas a que se referia, mas os alvos dele foram claros: Google e Facebook, companhias conhecidas por adotarem um modelo de negócios que direciona propagandas e conteúdos a partir de dados dos usuários.

"Levado ao extremo, esse processo cria um perfil digital duradouro e permite que as empresas te conheçam melhor do que provavelmente você se conhece. Seu perfil é um conjunto de algoritmos que servem conteúdos e prejudicam nossas preferências", disse Cook.

"Para que a inteligência artificial seja realmente inteligente, ela tem que respeitar os valores humanos, incluindo privacidade. Se erramos nisso, os perigos são grandes. Nós podemos atingir, ao mesmo tempo, uma boa inteligência artificial e ótimos padrões de privacidade. E essa não é somente uma possibilidade, é uma responsabilidade."

O presidente executivo da Apple também aproveitou o momento e defendeu as regulamentações de privacidade de países como a União Europeia, que colocou em vigor em maio deste ano o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR, na sigla em inglês). O Brasil, que recentemente aprovou a Lei Geral de Proteção de Dados, também foi citado com um exemplo. "É hora de o resto do mundo, incluindo meu próprio país, seguirem esses modelos".

Cook também criticou empresas de tecnologia que batem de frente com essas regulamentações de privacidade, e defendeu o poder da tecnologia de ter impactos positivos na sociedade. "É hora de encarar os fatos", disse Cook, "nunca alcançaremos o verdadeiro potencial da tecnologia sem a fé e a confiança das pessoas que a utilizam".

Retorno. Não é a primeira vez que Cook critica rivais no mercado: em abril, ele e Mark Zuckerberg, presidente executivo do Facebook, trocaram farpas após a revelação do escândalo da consultoria Cambridge Analytica, que utilizou indevidamente os dados de 87 milhões de usuários do Facebook em campanhas políticas. Na época, Cook disse que "clientes não são produtos". Também declarou que o Facebook e o Google tentam aprender tudo sobre os usuários para depois monetizar as informações. "Achamos isso errado e não é o tipo de empresa que a Apple quer se tornar", disse.

Em resposta, Zuckerberg afirmou que tratar o assunto dessa forma é extremamente simplista e não é completamente verdadeiro.

"Se você deseja criar um serviço que ajude a conectar todos no mundo, há muitas pessoas que não podem pagar. E um modelo apoiado por publicidade é o único modo racional", disse o presidente do Facebook, durante entrevista ao site americano Vox. "Isso não significa que não estamos focados em servir pessoas", afirmou. Zuckerberg disse ainda que o modelo do uso de dados privados como forma de monetização é "a única forma possível de manter a plataforma funcionando".

Estadão
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