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Quem é Masayoshi Son, que criou um império com dois conselhos

Steve Jobs e o dono do McDonald's no Japão foram alguns dos amigos que abriram as portas para a SoftBank

29 jul 2018 - 05h11
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Masayoshi Son, fundador da SoftBank e o homem mais rico do Japão, tinha tudo para não se interessar por tecnologia: teve uma infância pobre, marcada por preconceitos por conta de sua descendência coreana em uma cidade pequena do interior do Japão.

A vida dele mudou completamente depois de conselhos inusitados. O primeiro veio quando ele ainda era uma criança moradora da pequena cidade japonesa de Tosu. O pai de Son, um empreendedor do mercado de pachinkos - máquinas caça- níqueis, legalizadas no Japão - repetia seguidamente que o filho precisava acreditar que era um gênio e que, um dia, seria o homem mais poderoso do mundo.

As repetições fizeram o adolescente Son procurar ideias do que fazer e a conhecer mais sobre o mercado de franquias em pleno crescimento.

Fascinado, leu em poucos dias um livro escrito por Den Fujita, presidente e fundador da filial do Mc Donald's no Japão. Tentou por meses agendar um encontro com ele, mas não teve sucesso. O jeito que encontrou foi viajar e ficar aguardando o executivo na porta da companhia, em Tóquio. A audácia lhe garantiu 15 minutos de conversa e a dica que mudaria a sua vida. "Fujita me disse que eu deveria apostar em uma empresa com um negócio para o futuro, não para o passado e me aconselhou a entender o mundo dos computadores", disse o dono da SoftBank em uma entrevista para a agência Bloomberg.

A dica fez o japonês se mudar para os Estados Unidos e estudar economia. Lá, conheceu de perto o mercado de software, fez as suas primeiras apostas e conquistou a admiração dos empresários do setor.

Greg Wyler, fundador da empresa de tecnologia de satélite OneWeb, uma das empresas que receberam investimentos da SoftBank, é um dos admiradores declarados de "Masa".

"Ele tem uma compreensão temática e profunda da tecnologia e do impacto global que esse mercado tem na vida das pessoas ao redor do mundo", disse durante uma entrevista à CNBC. "Não posso dizer a mesma coisa de Mark Zuckerberg, por exemplo."

A concentração e visão de futuro sempre foram os guias da vida do japonês que perdeu bilhões quando a bolha do mercado de tecnologia estourou nos anos 2000 e decidiu migrar para o mercado de telecomunicações.

"Eu não tinha experiência, nem capital, nem mesmo tecnologia. Eu só tinha raiva e às vezes isso ajuda. Raiva é uma boa fonte de energia", disse anos depois durante uma entrevista ao site de tecnologia Recode.

Com o seu negócio em telecomunicações a pleno vapor, decidiu voltar a olhar para o campo da tecnologia. Tentou fazer uma proposta para o criador da Apple, Steve Jobs, que não garantiu a compra da empresa, mas formalizou uma amizade que abre caminhos para Son até hoje.

Especialistas dizem que o poder financeiro da SoftBank está ligado, diretamente, às relações de amizades de seu presidente. Segundo relatos, ele precisou de apenas algumas ligações e 45 minutos para ter em mãos o cheque de US$ 45 bilhões de um fundo da Arábia Saudita. Foi assim também que conseguiu investimentos da Apple, da Qualcomm, da Foxconn e da Sharp para montar o Vision Fund, principal estratégia de investimentos da empresa hoje.

Porém, nem tudo são flores para quem convive com Son. Empreendedores que receberam investimentos da SoftBank contam que o executivo insiste, constantemente, que provem lucros e crescimento exponenciais em longo prazo. A estratégia fez ele ganhar o apelido de "Mr. Ten Times" (Senhor 10 vezes, na tradução livre), referente à meta de escalada que ele exige de seus investidos.

Estadão
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