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Protesto raro do setor tecnológico chinês contra horas extras viraliza

5 abr 2019 - 10h12
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Trabalhadores do setor de tecnologia chinês lançaram um protesto na internet contra as horas extras massacrantes em algumas empresas, em uma rara reação à cultura de trabalho presente na indústria tecnológica do país.

App do AliExpress em telefone celular
12/03/2019
REUTERS/George Nganga
App do AliExpress em telefone celular 12/03/2019 REUTERS/George Nganga
Foto: Reuters

As postagens no GitHub, da Microsoft, que afirma ser o maior servidor de códigos do mundo, e em outras ferramentas de programação viralizaram em meio a grandes demissões no setor.

O protesto mira a cultura de trabalho "996" da indústria, que diz respeito a um horário de trabalho das 9h às 21h, seis dias por semana.

Na semana passada, um ativista anônimo lançou o projeto "996.ICU" no GitHub, por meio do qual os trabalhadores compartilham exemplos de horas extras excessivas e votam nas principais empresas de uma lista negra, além de firmas com condições de trabalho melhores.

"Qual é a diferença entre estas empresas 996 e os antigos senhores de terra que oprimiam os camponeses???", questionou uma postagem.

A Alibaba , a JD.com e a fabricante de drones DJI Technology estão na lista negra. A Alibaba não respondeu de imediato a um pedido de comentário nesta sexta-feira, que é feriado na China.

Um porta-voz da DJI disse que a companhia não debate questões trabalhistas específicas, mas que tem "o compromisso firme de tratar nossos empregados com o maior respeito e proporcionar um ambiente de trabalho saudável".

Um porta-voz da JD.com não quis comentar.

"996.ICU" foi o projeto mais visitado do Github nesta sexta-feira, com 176 mil seguidores.

A campanha contra a cultura de trabalho 996 viralizou no Weibo, provocando milhares de respostas na versão chinesa do Twitter.

Nesta semana, alguns navegadores desenvolvidos localmente bloquearam o acesso a um repositório anti-996 do GitHub citando motivos legais.

A campanha anti-996 é o exemplo mais recente de ativistas exigindo condições de trabalho melhores e apoiando clamores por uma representação sindical maior em um momento de desaceleração econômica.

Katt Gu, consultor de leis e regulamentações da startup Dimension, sediada em Xangai, classificou a campanha anti-996 como um divisor de águas.

"É hora de punir essas grandes empresas malignas que não estão protegendo os direitos de seus funcionários", disse.

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