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Preocupada com "blecaute" de comunicação, Fifa cobra 4G do governo

9 abr 2013 - 19h43
(atualizado às 19h44)
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<p>Quando anunciou Brasil como sede da Copa de 2014, Fifa exigiu bom serviço de telecomunicações; até aqui, oferta não corresponde aos planos para o torneio</p>
Quando anunciou Brasil como sede da Copa de 2014, Fifa exigiu bom serviço de telecomunicações; até aqui, oferta não corresponde aos planos para o torneio
Foto: Erica Ramalho / Divulgação

Os estádios da Copa das Confederações estão na reta final de preparação, apesar dos atrasos. Mas quando a bola rolar, quem estiver lá dentro pode ter dificuldades para se conectar à Internet e publicar fotos das novas arenas nas redes sociais.

Ao escolher em 2007 o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, a Fifa cobrou do governo brasileiro a garantia de um "serviço exemplar" de telecomunicações, ciente da enorme demanda por conexão de dados por parte tanto dos torcedores como da mídia.

A promessa do governo foi de que haveria a oferta de serviços de Internet móvel de quarta geração (4G) a tempo para os eventos.

Mas, a pouco mais de dois meses do início da Copa das Confederações, evento-teste para o Mundial que acontecerá em seis cidades de 15 a 30 de junho, o país ainda não possui uma oferta consistente de 4G nem mesmo para os clientes regulares das operadoras de telefonia móvel e ainda apresenta problemas na qualidade dos serviços nas redes atuais.

"A única coisa que podemos fazer é acreditar no que o governo diz, que haverá tecnologia 4G. Temos de ter paciência", disse o diretor de comunicação da Fifa, Walter de Gregorio, durante encontro com correspondentes da mídia estrangeira no Rio de Janeiro, esta semana.

A Fifa, que repetidamente tem cobrado do Brasil nos últimos anos que acelere o ritmo dos preparativos - com destaque para a polêmica frase do "chute no traseiro" dita pelo secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, em março de 2012 -, está preocupada com um possível "blecaute" das comunicações.

Com mais de 4 mil jornalistas credenciados para a Copa das Confederações e estádios lotados, há a expectativa de uma enorme demanda por capacidade de rede, especialmente com as presenças no torneio da atual campeã mundial e da Europa, Espanha, e da tetracampeã mundial Itália, além da própria Seleção Brasileira.

Transmitir informações e imagens com máxima velocidade de dentro dos estádios é fundamental para veículos de mídia em tempo real, e um eventual colapso nas conexões resultaria num problema de grande repercussão para os organizadores do evento.

<p>Brasil corre risco de não atender à demanda por celulares 4G</p>
Brasil corre risco de não atender à demanda por celulares 4G
Foto: Reuters

"Não posso imaginar um cenário em que os jornalistas não possam transmitir suas reportagens, é impensável um blecaute desse tipo", afirmou o diretor de comunicação da Fifa.

A tecnologia 4G permite acesso à Internet móvel a velocidades bastante superiores às atuais disponíveis no País. A primeira licitação da frequência utilizada para esses serviços aconteceu em meados de 2012, com exigência para funcionamento a partir deste mês nas cidades-sede da Copa das Confederações.

No entanto, as operadoras apontam a falta de regras claras gerais para instalação de antenas como um dos principais problemas, enquanto a Lei Geral das Antenas, projeto destinado a facilitar a instalação e compartilhamento de antenas de telefonia, circula no Congresso desde 2012 e ainda não foi aprovada em caráter definitivo.

Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou, em fevereiro, que a Anatel "enfrentará dificuldades em implementar tempestivamente a parte que lhe cabe do compromisso assumido pelo Brasil de apresentar uma moderna estrutura de telecomunicações", diante da complexidade das contratações necessárias para a execução dos projetos previstos.

Na sexta-feira, o secretário-geral da Fifa alertou que "nem todos os aspectos operacionais estarão a 100 por cento" na Copa das Confederações devido aos atrasos na entrega dos estádios.

Problemas jurídicos e ambientais

O governo garante que a infraestrutura de telecomunicações nos estádios estará pronta para os eventos.

"Estou tranquilo porque, no caso da Telebrás os investimentos quase todos já foram feitos e, no caso das empresas de telecomunicações, elas tiveram um pouco mais de demora por conta da liberação dos estádios, mas são empresas que têm facilidade de investir", disse o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, nesta terça-feira, após participar de audiência pública no Senado.

Mas o governo não esperava tantos problemas jurídicos e ambientais para instalar a infraestrutura, em especial as antenas necessárias para a implementação do 4G, o que provocou atrasos no processo, de acordo com uma fonte do governo.

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Dentro dos estádios e centros de mídia, as autoridades "têm segurança de que não haverá problemas com a transmissão dos jogos e para quem usar a tecnologia 4G", o problema será o restante do atendimento para os demais usuários ou para quem estará trabalhando na Copa fora dessas áreas, acrescentou a fonte, que falou sob condição de anonimato.

As Forças Armadas, por exemplo, contrataram um sistema de antenas próprio para usar durante a Copa das Confederações já prevendo que pode haver problemas com o tráfego de dados durante o evento, afirmou a fonte.

Segundo o ministro, serão instaladas antenas fixas nos estádios a serem compartilhadas entre as operadoras, com sinal para 2G, 3G e 4G. Mas os atrasos nas obras de algumas arenas, que deveriam ter ficado prontas até dezembro mas serão concluídas apenas este mês, também podem atrapalhar.

"Fiquei sabendo de uma coisa que era novidade para mim, que tem uma data que não sei qual é que tem de cessar todos os trabalhos", disse o ministro.

A Fifa estabeleceu o dia 24 de maio como início do período de uso exclusivo dos estádios pela federação e o Comitê Organizador Local (COL) para montar os preparativos para a Copa das Confederações.

Dos seis estádios que serão utilizados no torneio, apenas o Mineirão (Belo Horizonte) e a Arena Castelão (Fortaleza) ficaram prontos dentro do prazo original, dezembro de 2012. A Arena Fonte Nova (Salvador) foi inaugurada na sexta-feira, e os estádios de Brasília, Recife e Rio de Janeiro têm previsão de conclusão neste mês.

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