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Poder do Facebook vira alvo de escrutínio global

Autoridades veem integração de operações do WhatsApp e do Instagram como uma forma de a empresa se proteger de futura divisão de negócios

15 ago 2019 - 07h32
(atualizado às 10h50)
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A senadora Elizabeth Warren pediu a quebra de sigilo de grandes empresas como o Facebook. Órgãos reguladores abriram investigações sobre o poder da rede social. Até mesmo um dos fundadores do Facebook pediu explicações sobre a razão de a companhia não ter sido dividida. E a empresa enfrenta o desafio de mudar seu comportamento para enfrentar o escrutínio sobre seu poder.

No ano passado, o Facebook suspendeu negociações com a Houseparty, rede social especializada em vídeos, com medo de levantar preocupações antitruste, segundo duas fontes próximas às discussões. Comprar uma rival quando já se tem tanto domínio sobre o mercado seria arriscado demais.

O Facebook também deu início a mudanças que visam a dificultar a divisão de seus negócios. A empresa vem unificando seu sistema de mensagens, o Facebook Messenger, o Instagram e o WhatsApp. Executivos também trabalham para modificar o Instagram e o WhatsApp para associá-los mais ostensivamente ao Facebook.

Mark Zuckerberg, fundador e presidente do Facebook, diz repetidamente que sua companhia enfrenta competição de todos os lados e reluta em aceitar uma atuação fragmentada. Ele não quer perder se separar do Instagram e do WhatsApp, que são enormes e ajudam a alimentar o império de US$ 56 bilhões do Facebook.

"A grande dúvida é se este é um plano de logística comercial", disse Gene Kimmelman, ex-funcionário antitruste do governo Barack Obama e conselheiro do Public Knowledge, centro de estudos de Washington. "Para uma rede social com enorme crescimento em fotos e mensagens, há provavelmente justificativas comerciais para combinar as unidades."

O deputado democrata David Cicilline, presidente da subcomissão antitruste da Câmara, diz que as mudanças do Facebook precisam ser acompanhadas de perto. "A unificação do Facebook, Instagram e WhatsApp na maior plataforma única da história é uma clara tentativa de fugir às leis antitruste", disse. "Precisamos apertar a tecla de pausa."

O Facebook repudia a ideia de que suas iniciativas sejam a antecipação de uma potencial fragmentação. Em Washington, a rede social está particularmente atenta à Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês), que investiga a empresa por práticas anticompetitivas, disseram duas fontes ligadas à plataforma. A FTC examina violações de privacidade do Facebook desde 2018.

Neste ano, o órgão de competição começou a analisar as diversas aquisições do Facebook, chegando a notificar a empresa sobre o tema. Essa lista inclui não apenas os gigantes WhatsApp e Instagram, mas também negócios menores. A intenção de comprar a Houseparty teria esfriado justamente a partir das investigações da FTC. O negócio acabou nas mãos da Epic Games, produtora do Fortnite. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

Estadão
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