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O Tinder está mais para joguinho de celular do que local de pegação

Ao oferecer serviços pagos que garante vantagens em relação aos outros usuários, app de namoro cresce com modelo parecido com o de games para celulares

13 ago 2019 - 05h11
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" O Tinder não é um jogo", disse Elie Seidman, o diretor executivo da empresa em recente entrevista. "Ele tem a ver com conexão humana".

Mas se você pensar, o aplicativo não é tão diferente dos incontáveis jogos de celulares que estão no mercado. O Tinder tem um objetivo claro e regras explícitas. A qualquer hora do dia, dezenas de milhões de pessoas estão jogando, perambulando, navegando, no aplicativo de namoro. E como os jogos, com os quais compete em termos de tempo de tela, o Tinder cobra dos usuários que querem obter alguma vantagem.

Por exemplo, em Clash of Clans, um jogo de celular em que você cria e defende uma aldeia, é possível usar dinheiro real para comprar "gems", a moeda básica do jogo. No Tinder, você compra "super likes" (que alertam outros usuários quando você está interessado neles) e "boosts" (que tornam seu perfil mais visível para as pessoas que estão na área).

Ou, para realmente aumentar suas chances, pode assinar o Tinder Gold por US$ 30 mensais - o preço depende de vários fatores, incluindo o local onde você vive e quantos anos passou na Terra em busca de um parceiro.

O Tinder Gold oferece aos usuários o acesso a um programa chamado "Likes You", que fornece uma lista de pessoas que curtiram o seu perfil. Mas não os interessados fúteis. Em vez disto, você terá uma lista de estranhos com os quais vai se corresponder. É como a função God Mode (Modo Deus) num aplicativo de namoro.

"A estrutura dessas compras dentro do aplicativo é muito similar às das compras de jogos, no sentido de que você tem esses recursos

especiais", disse Randy Nelson, diretor da Sensor Tower, empresa de análises. "Uma linha direta pode ser traçada dos boosts e dos bônus extra nos videogames aos boosts e bônus no Tinder".

O Tinder alavancou esses recursos com grande efeito desde que introduziu o Tinder Gold em 2017. Segundo a Sensor Tower e a App Annie, outra firma de análise, ele se tornou o principal aplicativo do mundo que não é de jogo.

E só está crescendo. Tinder anunciou que adicionou mais de 500 mil assinantes em todo o mundo na sua lista no último

trimestre, num total de mais de cinco milhões de pessoas usando o Tinder Gold ou o Tinder Plus, mais barato.

Em 2015, de acordo com a Sensor Power, os 10 aplicativos com maior receita total na App Stores no segundo trimestre eram todos de jogos. Mas em 2016 o Spotfy entrou na lista. No segundo trimestre de 2019,quatro aplicativos que não são de jogos - Tinder, Netflix, YouTube e Tencent Video - estão no topo junto com jogos como Honor of Kings e Candy Crush Saga.

A estrutura de preços do Tinder fica entre esses jogos e o YouTube, cujo pacote Premium remove anúncios irritantes e permite o acesso a conteúdo que de outra maneira estaria indisponível.

O Tinder é gerido pelo Match Group, proprietário da maioria dos aplicativos de namoro, com exceção do Bumble. Outra companhia do MatchGroup, a OkCupid, lançou o Likes You como opção para clientes pagantes a partir de 2012. Os fundadores do Tinder relutavam em incorporar o aplicativo.

Gary Swidler, diretor financeiro do Match Group, disse que "havia uma preocupação de violar o principio fundamental da dupla opção de assinatura".

Mas agora não há mais esse tipo de apreensão.

Muitas pessoas acham que o Tinder é um aplicativo gratuito e ele é gratuito para muitos dos seus milhões de usuários. Segundo Brent Hill,que faz análise da companhia para o Jefferies Technology Group, o Match Group tem mais de 80 milhões de usuários no total. E 70% da receita do Tinder vêm das assinaturas; os outros 30% provêm de programas à la carte com uma pequena parte vindo da publicidade.

Alguns especialistas expressavam dúvida quando o Match Group mudou de comando. O Goldman Sachs aconselhou os investidores a venderem suas ações em fevereiro, citando a possibilidade de os assinantes do Tinder Gold cancelarem suas assinaturas e o o Facebook criando um espaço de namoro. Mas em maio os analistas revisaram sua estimativa face ao crescimento consistente de assinantes do Match Group.

Esse crescimento vem se verificando à medida que o Match Group continua a se expandir para novos mercados aumentando sua base de usuários em todo o mundo.

"Você tem uma enorme vantagem tendo muitos usuários grátis", disse Swidler, explicando a estratégia da companhia: "primeiro o produto e depois a monetização". Basicamente, quanto maior o número de pessoas usando o Tinder, mais pessoas podem no final pagar por determinados benefícios. Se ficarem muito frustradas". /TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

Estadão
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