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O primeiro gadget do Facebook é uma tela com câmera que segue o usuário

Anunciado nesta segunda-feira, 8, o Portal vai custar US$ 199 nos Estados Unidos; aparelho tentará sempre 'enquadrar' as pessoas dentro da imagem

9 out 2018 - 05h11
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O Portal, do Facebook, vai custar pelo menos US$ 199 nos EUA
O Portal, do Facebook, vai custar pelo menos US$ 199 nos EUA
Foto: Facebook/Reuters / Estadão

Desde 2004, o Facebook diz que quer aproximar o mundo. Para atingir esse objetivo, a empresa se baseou principalmente em aplicativos, seja na internet ou em smartphones. Mas isso não é mais suficiente. Nesta segunda-feira, 8, o Facebook lançou um par de dispositivos de chamadas de vídeo - o Portal e sua versão turbinada, o Portal Plus - para ajudar a expandir seu alcance nas salas de estar das pessoas.

Os dois aparelhos têm embutida uma câmera de 12 megapixels, capaz de capturar vídeo em alta definição. Com ajuda de um software de inteligência artificial, o câmera é capaz de seguir os usuários enquanto eles se movem em um cômodo, permitindo que conversem sem precisarem ficar sentados, imóveis. Além disso, os aparelhos também contam com a assistente pessoal Alexa, da Amazon, que pode ser usada para pedir músicas ou verificar o clima.

Os aparelhos são a primeira incursão do Facebook no design, construção e venda de dispositivos de consumo a partir do zero - os óculos de realidade virtual Oculus não contam, pois já tinham versões desenvolvidas quando a empresa foi adquirida pela rede social em 2014, por US$ 3 bilhões.

Com tela de 10 polegadas, o Portal será vendido nos EUA a partir de novembro por US$ 199. Já o Portal Plus traz tela de 15 polegadas, que pode ser girada de forma conveniente, por US$ 349. Segundo a empresa, há uma grande campanha de marketing preparada para o final do ano. No entanto, o timing de lançamento não poderia ser pior. Após dois anos de escândalos, a empresa terá de propagandear produtos para um público cético.

Além de lidar com notícias falsas, desinformação, interferência externa e problemas com privacidade, a empresa ainda anunciou recentemente uma falha de segurança que colocou em risco as contas de pelo menos 50 milhões de usuários.

Defesa. No quesito privacidade, o Facebook disse que o Portal e o Portal Plus têm um interruptor eletrônico para a câmera frontal, bem como uma cobertura para a lente - tentando afastar dúvidas de que a empresa monitoraria os usuários mesmo quando o dispositivo não estivesse sendo usado. Além disso, diz a empresa, as videochamadas são criptografadas e a tecnologia de inteligência artificial da câmera é executada no próprio dispositivo, não nos servidores do Facebook.

Para o Facebook, a utilidade dos dispositivos, que podem funcionar em redes Wi-Fi domésticas, convencerá as pessoas de sua importância. Eles usam a rede do Messenger, serviço de mensagens instantâneas da rede social. Quando o Portal é conectado a uma conta do Messenger, as pessoas podem bater papo por vídeo com qualquer pessoa em sua rede em vários dispositivos, seja no Portal, em um tablet, em um smartphone ou em um computador.

Rivalidade. O Facebook está entrando em um mercado altamente competitivo. Os alto-falantes inteligentes controlados por voz, uma categoria criada pela Amazon em 2015 com o Echo, é pequena, mas está crescendo. No último trimestre, os fabricantes venderam 16,8 milhões de caixas de som, um aumento de 187% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a empresa de pesquisa Canalys. Hoje, a Amazon e o Google dominam o mercado de alto-falantes inteligentes nos Estados Unidos. Na China, o Alibaba e a Xiaomi estão rapidamente ganhando força com a venda de seus alto-falantes artificialmente inteligentes.

Nos últimos dois anos, os alto-falantes inteligentes evoluíram para incluir telas para videoconferência, vídeos e aplicativos. A Amazon lançou no ano passado o Echo Show, seu primeiro Echo com um display, e a Lenovo se uniu ao Google este ano em uma tela inteligente com o Assistente do Google. O Google também deverá lançar sua própria tela inteligente este ano - possivelmente, ainda nesta semana.

Em vez de construir seu próprio assistente virtual três anos após a estreia da Alexa e do Amazon Echo, o Facebook trabalhou com a Amazon. Como outros produtos da Amazon, o Portal pode ser controlado ao se falar a palavra "Alexa" antes de uma pergunta ou solicitação, como "Qual é o tempo em São Francisco?" Ou "Defina um cronômetro para 10 minutos".

Jonathan Collins, diretor de pesquisa da ABI Research, disse que é inteligente para o Facebook colaborar com a Amazon. Embora a criação de um assistente digital tenha ajudado a Apple, o Google e a Amazon a tornarem seus produtos mais atraentes, não há benefício claro para o Facebook criar um produto próprio, disse ele. "Não é uma conexão óbvia com o que eles fazem para as pessoas no momento", que é aprofundar os relacionamentos das pessoas, disse Collins.

O Facebook trabalhou em hardware anteriormente, embora seu envolvimento com o Portal seja muito mais profundo e avançado. Em 2013, a empresa e a fabricante HTC produziram o HTC First, um smartphone que rodava em um novo sistema operacional baseado no Facebook. O telefone foi um fracasso. A empresa também passou a vender óculos de realidade virtual, quando a Oculus já estava construindo esses produtos. O Facebook adquiriu a Oculus em 2014.

Rafa Camargo, vice-presidente do Facebook que supervisiona o Portal, disse que quando sua equipe disse que queria trabalhar em um produto doméstico inteligente com uma tela grande, seus colegas reagiram sem acreditar - especialmente porque a Amazon e a Apple estavam concentradas em alto-falantes e não em vídeo.

"Todo mundo comentou: 'Você é louco. A coisa toda é apenas sobre alto-falantes inteligentes e apenas voz", disse Camargo, que entrou no Facebook há dois anos.

Mas ele disse que a voz era apenas uma característica do produto e que o Facebook poderia oferecer aos clientes um tipo diferente de experiência. "Nós temos de nos concentrar nas pessoas", disse ele. / Tradução de Claudia Bozzo

Estadão
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