Patentes: Apple quer proibir vendas, Samsung quer multa menor
7 dez2012 - 08h27
(atualizado às 09h30)
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Apple e Samsung se enfrentaram novamente diante de um juiz nessa quinta-feira. O motivo: patentes. O caso, cuja sentença foi dada em agosto, com uma multa de US$ 1 bilhão imposta à empresa sul-coreana, voltou ao tribunal com a Apple tentando proibir a venda de produtos da Samsung nos Estados Unidos, e a Samsung buscando o recálculo da penalidade.
Conforme descreve o jornal espanhol El País, tratou-se de uma reunião para discutir argumentos.
A juíza Lucy Koh começou questionando a base de cálculo do júri para chegar ao bilhão de indenização em danos para a Apple. "Eu não vejo como você pode avaliar o valor sem olhar para os aparelhos", disse Koh, segundo o El País. Advogados da Samsung argumentaram que deveria ser feita uma "engenharia reversa" para calcular o montante da multa e, com base nisso, o total deve ser reduzido. A Apple argumentou contra.
"Supondo que eu não concorde com você", disse Koh aos advogados da Apple. "O que eu faço com modelos como Captivate, Continuum, Droid Charge, Epic 4G, e Gem? A maioria dos aparelhos citados são velhos e fora do mercado", completou.
Ainda que a sentença de 24 de agosto seja considerada uma vitória retumbante para a Apple, o fato é que o valor de suas ações caíram 18%, enquanto a Samsung subiram 16% recentemente.
Em outubro, um tribunal de apelações anulou a proibição dos Estados Unidos de venda do Samsung Galaxy.
A Apple também está tentando acrescentar R$ 500 milhões para a sentença, porque o júri considerou que a Samsung infringiu suas patentes de forma voluntária. Advogados da Samsung, por sua vez, estimam que estes danos sejam de US$ 10 milhões.
Apesar dos argumentos, a juíza declarou que precisa de tempo para tomar uma decisão.
"Tenho a intenção de tomar minhas decisões por partes, organizando-as por tema", disse Koh durante a audiência no tribunal em San Jose, Califórnia, explicando que ela iria se pronunciar sobre os movimentos dos dois grupos nas próximas semanas ou meses.
O julgamento Apple x Samsung
Um júri formado por 10 pessoas avaliou no meio do ano se alguma das empresas quebrou alguma patente da concorrente no desenvolvimento de seus produtos. O julgamento do caso no tribunal de San José, na Califórnia, foi o primeiro de uma série de processos que as empresas movem contra a outra em 10 países.
A Apple pedia na Justiça uma reparação de mais de US$ 2,5 bilhões, alegando que a Samsung se tornou líder no mercado de smartphones copiando o design, as funcionalidades e a aparência geral dos seus produtos. A companhia americana tentava provar ao júri que a sul-coreana quebrou nove de suas patentes no desenvolvimento de mais de 20 produtos, entre eles o smartphone Galaxy S II e o tablet Galaxy Tab 10.1.
Já a Samsung disse que a Apple está tentando reprimir a competição com o bloqueio da venda de seus produtos, diminuindo a escolha dos consumidores para "manter seus lucros historicamente exorbitantes". A sul-coreana alegou ainda que a Apple quebrou duas patentes essenciais para transmissão de dados 3G e outras três sobre funcionalidades dos aparelhos.
Com informações da agência AFP
Desenho feito pela artista Vicki Behringer retrata momento em que Charles Verhoeven (D), advogado da Samsung, apresenta defesa contra as acusações da Apple por quebra de patentes no tribunal de San José, na Califórnia. A companhia sul-coreana afirmou que já estava indo na direção do design do iPhone antes do produto ser lançado, em 2007. "Ser inspirado por um produto se chama competição, não cópia", disseram os advogados
Foto: Reuters
Em sua declaração inicial na corte, a Samsung foi acusada de buscar inspiração nos produtos da Apple ao invés de inovar por conta própria. O advogado da Apple Harold McIlhenny (C) defendeu que a empresa fez uma aposta arriscada que deu certo ao desenvolver o iPhone
Foto: Reuters
Documentos apresentados ao júri mostram que a Samsung afirmou, em uma análise interna, que competir com o iPhone seria inevitável, e que o hardware do aparelho era "fácil de copiar"
Foto: Reuters
O designer industrial Christopher Stringer (D) foi a primeira testemunha da Apple a depôr, depois das considerações iniciais do advogado Harold McElhinny (E). O funcionário está há 17 anos na Apple e contou como nasce um produto na empresa. "Nosso trabalho é imaginar produtos que não existem e orientar o processo que os leva à vida", afirmou. "Fomos roubados", disse durante o depoimento, se referindo ao design do iPhone
Foto: Reuters
Com um celular em mãos, o advogado da Apple Bill Lee (D) admitiu que a Samsung poderia ter inovado e, até mesmo, superado a Apple no mercado por mérito próprio, mas preferiu copiar o design e a interface do iPhone porque não era capaz de competir no mercado de smartphones com os aparelhos que possuía
Foto: Reuters
Foto: Terra
Bill Lee (E), advogado da Apple, questiona o diretor de estratégia da Samsung, Justin Denison, durante o julgamento em San José
Foto: Reuters
O diretor de softwares da Apple, Scott Forstall (D), foi uma das testemunhas a depôr no julgamento. No desenho, ele é questionado pelo advogado Harold McElhinny
Foto: Reuters
Kevin Johnson, advogado da Samsung, questiona o diretor de software da Apple, Scott Forstall (D), em desenho divulgado na sexta-feira. A Apple pediu à Justiça dos Estados Unidos para punir a Samsung Electronics por infringir patentes de telefones celulares
Foto: Reuters
O vice-presidente de marketing da Apple, Phil Schiller (D), disse que ficou impressionado com a aparência do Galaxy S, smartphone da Samsung lançado em 2010, em sua semelhança com produtos como o iPhone
Foto: Reuters
Phil Schiller, vice-presidente de marketing da Apple, revelou detalhes sobre o quanto a Apple gasta em publicidade e marketing. Em 2008, foram US$ 97,5 milhões em publicidade apenas para o iPhone. No ano seguinte, US$ 149,6 milhões e, em 2010, US$ 173,3 milhões - com um custo adicional de US$ 149,5 milhões só para promover o iPad
Foto: Reuters
Advogado da Apple, Harold McElhinny (E), acusa Samsung por quebra de patentes no tribunal de San José, na Califórnia. A Apple pede na Justiça uma reparação de mais de US$ 2,5 bilhões, alegando que a Samsung se tornou líder no mercado de smartphones copiando o design, as funcionalidades e a aparência geral dos seus produtos