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Movile, dona do iFood, recebe aporte de R$ 1 bilhão para expandir negócios

Investimento será feito pelo grupo Prosus, que é o principal investidor da Movile desde 2008; iFood deve receber maior parte do dinheiro, mas empresa quer acelerar fintechs Movile e Zoop

2 ago 2021 - 17h06
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A dona do iFood acaba de receber mais de R$ 1 bilhão para investir. A Movile, que além do aplicativo de entregas também é dono das fintechs Movile Pay e Zoop e da startup de games Afterverse, fez mais uma captação e recebeu o seu maior investimento primário em única rodada desde a sua fundação. O responsável, mais uma vez, foi o grupo global de internet Prosus, que é o principal investidor da Movile desde 2008.

"Esse valor será utilizado na nossa expansão para os próximos 12 meses e esse R$ 1 bilhão é uma aposta que os nossos mercados irão crescer", diz Patrick Hruby, presidente da Movile.

O dinheiro, segundo Hruby, será destinado para todas as empresas do grupo, mas a companhia não abriu quais serão as parcelas direcionadas para cada negócio. O iFood, no entanto, ficará com a maior fatia em um momento em que o mercado fica cada vez mais disputado. Nesta semana, por exemplo, a colombiana Merqueo entrou no páreo para competir com o aplicativo, que é líder no País, seguido por Rappi e Uber Eats.

O iFood quer expandir os seus negócios no segmento de supermercados, mas também nos serviços financeiros que a empresa fornece especialmente para os restaurantes. De acordo com o executivo, até agora, já foram concedidos R$ 250 milhões em créditos para parte dos 150 mil estabelecimentos vinculados à plataforma. Parte do valor do aporte, portanto, também será para aumentar essa fatia de empréstimos.

Além disso, o iFood também está de olho na sua operação colombiana. Em 2020, a companhia se fundiu com a Domicilios e possui mais de 12 mil restaurantes em 30 cidades no país vizinho, o que representa uma fatia de quase 40% do mercado, de acordo com Hruby. "A Colômbia é a nossa grande aposta de crescimento em outros países, mas esse aporte não contempla a entrada em novos mercados", diz o executivo.

Serviços financeiros

Os serviços financeiros, no entanto, também devem receber uma considerável fatia dos investimentos e boa parte dos negócios da Movile envolvem diretamente o iFood. No fim do mês passado, a Zoop recebeu um aporte de R$ 170 milhões do grupo. A companhia, que tem entre os seus principais serviços o sistema de meios de pagamento e o crédito, transacionou R$ 20 bilhões - boa parte deles relacionados ao iFood. Somente no ano passado, a fintech cresceu 150%.

Um dos negócios que mais movimentaram as contas da Zoop foi a Conta Digital iFood, criada em parceria com a MovilePay, que também é responsável por conceder e gerenciar os créditos dados pelo aplicativo de entregas. "A tendência de que todas as empresas precisarão oferecer serviços financeiros está ganhando cada vez mais força", diz Hruby.

Segundo Marcelo Nakagawa, professor de empreendedorismo do Insper, é uma tendência cada vez maior as startups terem um pé nos serviços financeiros. "Todas as empresas que têm na transação financeira um volume relevante podem pensar em ser fintechs hoje. Haverá cada vez mais soluções financeiras de empresas tipicamente não financeiras", diz.

Além do iFood

Outro negócio que também visa a complementar é o de logística. Na Colômbia, por exemplo, a companhia fez um aporte na plataforma de entrega Mensajeros Urbanos no ano passado e, em 2021, realizou um investimento na startup argentina Moova, que tem como seu principal cliente a operação do Mercado Livre. São os outros passos no mercado latino que a Movile deu nos últimos tempos.

"O consumo por meio do e-commerce aumentou e as pessoas, mesmo fazendo mais compras. Não querem mais esperar duas semanas para receber um pacote. Elas querem receber no mesmo dia e o mercado ainda não se mostra preparado para esse serviço de última milha", diz o executivo.

Em todas essas vertentes também devem ser esperadas aquisições e novos aportes, de acordo com Hruby. "Estamos sempre buscando negócios interessantes, até mesmo para se criar novas verticais", afirma.

Mercado de games

Um dos negócios que a companhia começou a olhar com mais atenção foi o de games. A companhia viu o seu negócio escalar durante a pandemia. Com a Afterverse, que nasceu dentro da PlayKids, outro braço da Movile, a companhia viu o seu jogo infantil PK XD para celulares alcançar quase 50 milhões de jogadores ativos por mês. O jogo segue o conceito "freemium": ele é gratuito, mas os usuários podem fazer compras de roupas de personagens e acessórios. "A nossa ambiação é competir com os grandes do setor", diz Hruby.

Para dar conta da expansão de todos os negócios, a companhia também se prepara para contratar. Por agora, já são 600 vagas abertas pelo grupo, que recebeu o seu último aporte em 2018, quando os fundos Naspers Ventures e Innova Capital, este último mantido por Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico do Brasil, injetaram US$ 124 milhões na operação.

Já o iFood recebeu mais dinheiro de lá para cá. Em novembro de 2018, o aplicativo de entregas de refeições e supermercados recebeu US$ 500 milhões e a Movile fez parte desse aumento de capital.

Estadão
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