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Microsoft vai destinar US$ 500 milhões para habitação em Seattle

Empresa visa reduzir crise residencial na região de Seattle; setor de tecnologia tem feito preço de casas dispararem

20 jan 2019 - 05h11
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A região metropolitana de Seattle, onde estão as sedes da Microsoft e da Amazon, é um dos principais centros globais de tecnologia. Também é um símbolo forte da crise de habitação que surgiu com o desenvolvimento de empresas e a bolha imobiliária que vem com elas. No entanto, há um caminho para o futuro: nesta semana, a Microsoft anunciou que vai destinar US$ 500 milhões para ajudar a região a resolver o problema de aluguéis em alta e pessoas em situação de rua.

Para o mercado, a empresa declarou que o setor tem interesse e responsabilidade de ajudar as pessoas ignoradas nas comunidades que foram transformadas pelo boom tecnológico. Segundo a dona do Windows, os recursos serão usados para financiar a construção de casas a preços acessíveis, não só para seus funcionários, mas também para professores, bombeiros e outras pessoas de baixa renda.

A iniciativa da Microsoft, mais que dinheiro, representa a tentativa mais ambiciosa já feita por uma empresa de tecnologia para resolver uma situação de desigualdade que tem se ampliado onde o setor está concentrado, especialmente na Costa Oeste dos EUA. A lógica é simples: com salários altos e pessoal qualificado querendo morar perto do trabalho, o crescimento das gigantes provoca alta nos preços de casas e aluguéis.

A decisão da Microsoft vai contra um movimento da Amazon, a outra grande empresa de tecnologia da região.

No ano passado, a varejista bloqueou a criação de um novo imposto que seria pago pelas grandes empresas de Seattle - a arrecadação da taxa seria usada para financiar serviços destinados a pessoas sem teto e à construção de casas baratas. Na época, a Amazon alegou que a taxa inibiria a criação de empregos.

Vanguarda. Ao se preocupar com a crise habitacional, a Microsoft repete sua postura em outros setores. Hoje, a empresa está na vanguarda dos alertas sobre efeitos negativos da tecnologia, como privacidade ou consequências inesperadas da inteligência artificial. A expectativa da empresa é ser um exemplo, também, na área da habitação.

"Todos têm um papel a desempenhar", disse Brad Smith, presidente da companhia. Segunda empresa mais valiosa do mundo, na casa de US$ 826 bilhões, a Microsoft tem hoje US$ 136 bilhões em caixa, o que explica como conseguiu fundos para o projeto.

Outras empresas de tecnologia tem tentado resolver a crise da falta de habitação. Marc Benioff, da Salesforce, incentivou a criação de um imposto para as empresas de tecnologia de San Francisco - os recursos serão usados para serviços destinados a pessoas sem teto. Já Facebook e Google, por exemplo, planejam construir casas para seus próprios funcionários - o que pode ajudar na demanda, mas reforça a impressão de que as empresas estão mais focadas em resolver seus problemas.

Em Seattle, os preços de casas praticamente dobraram nos últimos anos. Hoje, a região precisa de 156 mil unidades residenciais a preços acessíveis. Até 2040, serão necessárias outras 88 mil. Para isso, a empresa pretende emprestar US$ 225 milhões, a juros subsidiados, para preservar e construir casas de renda média em seis cidades perto de sua sede, em Redmond.

Ela aplicará mais US$ 250 milhões na construção de habitações para pessoas de baixa renda na região. Os empréstimos poderão ser feitos por meio de programas federais que oferecem isenções fiscais para imóveis para pessoas de renda baixa. O dinheiro deve ser investido em três anos e em subúrbios de Seattle. Já os US$ 25 milhões restantes serão fornecidos a organizações que trabalham com pessoas sem teto.

Segundo o Seattle Times, se os US$ 500 milhões forem aplicados em um único projeto, serão criadas somente mil casas, de modo que a empresa deve aplicar montantes menores em muitos projetos para a construção de dezenas de milhares de unidades. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

Estadão
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