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iPhone 13 Pro Max foca em detalhes e cobra R$ 15,5 mil por isso

Recursos do novo telefone são muito específicos para a maioria das pessoas perceber o seu valor

29 nov 2021 - 12h22
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Vendido por R$ 15,5 mil, o iPhone 13 Pro Max de 1 TB é um telefone para pouquíssimas pessoas - o que fica ainda mais óbvio quando lembramos da atual situação socioeconômica do Brasil. Porém, não é só isso que faz dele um aparelho para quase ninguém: nem todos os recursos do novo smartphone da Apple são essenciais para a maioria dos usuários. Ele é um produto de nicho, que foca bastante nos detalhes - e cobra alto por isso.

Vale dizer que a linha Pro já vinha de uma base sólida: o iPhone 12 Pro é um baita aparelho, então a Apple focou em algumas melhorias - é por isso que, para alguns, o iPhone 13 ganhou o apelido de "12S". Na edição deste ano, várias atualizações foram feitas no conjunto de câmeras - embora isso não esteja tão na cara.

O aparelho permanece com três lentes de 12 MP: grande angular, ultra-angular e teleobjetiva - a última recebeu um zoom óptico de 3x pela primeira vez. A mudança, porém, está no sensor de imagem. A Apple afirma ter aumentado o componente, o que permite uma captação maior de luz. Segundo a empresa, o novo sensor capta 49% mais luz que o iPhone 12 Pro Max. Na geração passada, o modelo Max tinha performance superior ao iPhone 12 Pro, algo que não acontece na família 13 Pro - ambos têm conjuntos iguais.

Além disso, a abertura da lente principal passa a ser de ƒ/1.5 (antes era ƒ/1.6), o que permite que ainda mais luz chegue ao sensor. Tudo isso resulta em fotos com mais detalhes e cores - é uma das melhores câmeras do mercado, rivalizando com o Galaxy S21 Ultra e, diz a imprensa americana, o Pixel 6 Pro, do Google. Em ambientes com bastante luz, os bons resultados são barbada, principalmente com a grande-angular. Por outro lado, vivemos uma era na qual até telefones intermediários vão bem nessas condições - o iPhone SE 2020 é um desses casos.

Nos nossos testes, o nível de contraste ficou bastante interessante, mas, em alguns momentos, as imagens apareceram um pouco escuras. Em outros momentos, foi possível perceber uma certa falta de definição em algumas porções das fotos. Nos dois casos, porém, as "falhas" são imperceptíveis para a maioria das pessoas.

Neste ano, a Apple também incluiu algo chamado "estilos fotográficos", uma espécie de filtro numa camada mais profunda do processamento da imagem, com impacto direto no equilíbrio das cores. É possível escolher cinco estilos: padrão, contraste rico, vibrante, quente e frio. Tem cara de recurso que muita gente vai esquecer que existe: só é possível perceber quando ele "estraga" a foto. O contraste rico escurece muito a imagem, enquanto tanto o quente quanto o frio causam intervenções não tão agradáveis.

Outra novidade neste ano é a inclusão do recurso que permite fotos ao estilo macro, que podem ser feitas com uma distância do objeto a partir de 2 cm. Há alguns anos, telefones Android incluem lentes específicas para fotos do tipo com resultados entre o lamentável e o dispensável. O iPhone descarta a lente específica e usa a ultra angular, turbinado por software. Embora os resultados sejam bons, esse não parece ser o atrativo fundamental para a compra.

Nos nossos testes, o aparelho demonstrou certa confusão para acionar o modo macro. Por padrão, ele troca automaticamente entre a grande angular pela ultra angular quando você se aproxima do objeto. Porém, em dois momentos o software da câmera ficou indeciso sobre qual câmera usar e ficou trocando freneticamente, impossibilitando que a foto fosse feita. Foi necessário afastar o celular do objeto para que ele voltasse para a grande angular e tentar nova reaproximação - isso rolou em ambientes com iluminação mais baixa.

Por outro lado, outros dois recursos que já eram estrelas do iPhone estão ainda melhores. O modo noturno, com exposições longas, continua sendo o melhor do mercado. Em nossos testes, foi possível registrar estrelas no céu no centro de São Paulo - até o iPhone 12, era necessário manter o celular estático por até 3 segundos para conseguir imagens do tipo. A Apple fez melhorias na estabilização da imagem que dispensam o ritual, possibilitando fotos no modo noturno de maneira mais rápida.

Já o modo retrato, que borra o fundo, parece cada vez mais preciso ao detectar o objeto da foto - pelo menos, no conjunto traseiro. Na câmera frontal, de 12 MP, é difícil detectar grandes mudanças em relação às últimas duas gerações de iPhone. Os retratos são bonitos, com um excelente grau de detalhe e cores - o modo noturno funciona bem também. Nos testes, porém, o modo retrato na câmera frontal não conseguiu borrar com precisão o fundo o tempo todo.

Em vídeo, a câmera consegue registrar em 4K em 60 quadros por segundo com resultados muito satisfatórios em termos de cor e detalhe. Neste ano, a Apple acrescentou dois recursos. O modo cinemático permite borrar o resto da cena, enquanto concentra o foco no objeto - e permite a troca do ponto focal enquanto a gravação é feita (e na edição também, já que o recurso funciona via software). É divertido e funciona bem - embora tenha cara de recurso de quem produz conteúdo com aspirações profissionais. Com o recurso, a resolução cai para 1.080p e 30 fps.

Ainda mais com ar profissional, o novo iPhone permite capturar vídeos no formato ProRes, usado por profissionais da imagem para trabalhos de edição mais sofisticados. Não é algo para quem está atrás de uma lente para exibir coreografias no TikTok. É possível captar no formato em 4K e 30 quadros por segundo - por conta do tamanho dos arquivos, os aparelhos com 128 GB de espaço só suportam até 1.080p em 30 fps.

Tela e bateria

Com tudo isso, justifica-se a decisão da Apple de criar um smartphone com 1 TB de espaço - vídeos no formato ProRes são gigantes. Claro, espaço no celular sempre é bem-vindo, mas isso também tem um custo. Para quem não planeja usar os formatos de arquivos maiores, é possível olhar com mais carinho para modelos com menor capacidade de armazenamento.

O sabor de ferramenta profissional também está na tela - a Apple diz que o painel de 6,7 polegadas dos modelos Max é também uma tentativa de deixar confortável quem pretende começar trabalhos de edição no aparelho. Considerando que o iPhone Pro de tela menor (6,1 polegadas) tem as mesmas características de câmera e processamento, vale a pena olhar para ele - o preço também cai um pouco.

Tem quem goste de tela grande (o próprio movimento da indústria em crescer os celulares é prova disso), mas o iPhone Pro Max continua sendo desconfortável para o manuseio em tarefas mais simples - ele pesa 240 g.

Segundo a Apple, o painel deste ano é 20% mais brilhante do que na geração anterior, o que pode ser útil em ambientes muito iluminados. Nos nossos testes, o aparelho passou bem por um dia ensolarado, mantendo a tela visível sob forte luz solar. Mas é muito difícil dizer que dá para sentir alguma diferença em relação às gerações mais recentes de iPhone.

A maior novidade da tela é que agora ela tem taxa de atualização dinâmica, que pode chegar a até 120 Hz em imagens com muito movimento, como vídeos e jogos. De fato, as rolagens de página ficaram mais suaves, com as letras deixando de embaçar. Já em jogos e vídeos, percebi menos o efeito, mesmo acostumado a um celular cuja taxa de atualização é de 60 Hz. É realmente necessário prestar atenção para sentir a mudança.

Esse é um recurso presente nos aparelhos Android há anos. O custo na bateria, porém,era alto - o consumo de recursos deve ter sido a razão pela qual a Apple adiou a chegada da função ao iPhone. E aqui a empresa da maçã conseguiu brilhar.

A bateria do iPhone 13 Pro Max tem duração excelente. Quando a empresa anunciou que ela durava até 2,5 mais do que o antecessor parecia um progresso minúsculo. Mas, na prática, ela faz diferença. Em nossos testes, durou 30 horas aguentando muitos jogos e vídeos. Ou seja, dá para imaginar ficar até dois dias sem carregar dependendo do uso que se faz do aparelho. Há, claro, trabalho de software aí, mas a bateria possivelmente está fisicamente maior. Além disso, o chip A15 Bionic também é mais eficiente - além de entregar uma performance suave.

Novamente, para um aparelho que se propõe ser uma ferramenta de produção, é obrigatório ter uma bateria que garanta autonomia.

Vale a pena?

Como ferramenta profissional, o iPhone 13 Pro Max pode até valer o investimento. Mas, vamos colocar os pés no chão. Para o uso normal, o iPhone 13 'regular' pode ser um caminho para quem não quer ficar de fora do mundo da Apple - o salto só vale mesmo se você estiver vindo de gerações muito antigas do aparelho, como o iPhone 8. Outra opção é ficar de olho nas versões "Pro" de gerações anteriores - tanto o iPhone 11 quanto o 12 ainda estão no varejo e são aparelhos muito bons.

Embora seja um grande telefone, o iPhone 13 Pro Max é feito para detalhes que não impactam a maioria das pessoas, como o modo cinemático, as resoluções profissionais, a ligeira velocidade na câmera e a taxa de atualização do painel. De fazer inveja mesmo para todo mundo só a bateria - mas pagar R$ 15,5 mil por isso não compensa. Pena.

Estadão
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