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Principais provedores alemães vão criptografar e-mails

Decisão da Deutsche Telekom e da United Internet é tomada após servidores americanos de mensagens criptografadas, em meio à pressão das autoridades por conta do caso Snowden, fecharem as portas

9 ago 2013 - 15h23
(atualizado às 15h24)
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Dois dos maiores provedores de serviços de internet da Alemanha – a Deutsche Telekom e a United Internet – anunciaram que passarão a oferecer aos usuários a opção de criptografar o e-mail a partir desta sexta-feira. O anúncio é feito um dia depois de dois provedores de e-mail criptografado sediados nos Estados Unidos fecharem suas portas: o Lavabit, supostamente usado por Edward Snowden, e o Silent Mail.

Inicialmente, a criptografia dos servidores da Alemanha só vai garantir a segurança dos dados entre os clientes do T-Online (da Deutsche Telekom), do GMX e do Web.de (ambas da United Internet). Dois terços dos alemães mantêm seu principal endereço eletrônico hospedado em um desses três provedores, segundo as empresas.

De acordo com o CEO da Deutsche Telekom, René Obermann, a iniciativa foi tomada porque os alemães estão "profundamente abalados com as recentes notícias de uma possível interceptação de dados" revelada por Snowden.

Pressão americana

Mesmo sem dar detalhes sobre o que as teria levado encerrar os trabalhos, o fim dos serviços de e-mail da Lavabit e da Silent Mail, um dos serviços do grupo Silent Circle, pode estar ligado à pressão do governo dos EUA por acesso a dados dos usuários.

Acredita-se que Edward Snowden, que denunciou o megaesquema de espionagem online dos EUA, utilizava o Lavabit para enviar e receber e-mails de maneira mais segura. Em uma coletiva de imprensa há um mês, uma representante da ONG Human Rights Watch confirmara ter sido contatada por Snowden por um endereço do Lavabit.

Em mensagem deixada aos usuários na página inicial, o proprietário da empresa sediada no Texas, Ladar Levison, afirma que foi "forçado a tomar uma difícil decisão: tornar-se cúmplice em crimes contra o povo americano ou deixar para trás dez anos de trabalho duro, fechando o Lavabit". Assim, ele optou pela segunda opção.

"Eu queria poder dividir legalmente com vocês os acontecimentos que levaram à decisão, mas não posso", escreveu Levison. Notícias divulgadas na impresa americana citam que ele estaria movendo ações na Justiça para evitar que agentes do governo dos EUA tivessem acesso a informações de seus clientes. "Do jeito que as coisas estão, não posso dividir minhas experiências ao longo das últimas seis semanas (período em que o escândalo da espionagem veio à tona), ainda que eu tenha feito as devidas solicitações para isso duas vezes".

Ele ressalta que já prepara os papéis para entrar com recurso e "ressucitar" a empresa. "Esta experiência me ensinou uma lição muito importante: sem ação do Congresso ou um precedente judicial forte, eu não recomendo fortemente confiar seus dados privados a empresa com laços físicos nos Estados Unidos", termina a mensagem.

SMS e ligações mais seguros

Logo após o anúncio de Levison, foi a vez de Jon Callas, cofundador do Silent Circle, divulgar por meio do Twitter e em um blog que o serviço Silent Mail estava encerrado. "Não recebemos intimações, avisos, cartas de segurança ou qualquer outra coisa de algum governo, e é por isso que estamos agindo agora", escreveu Callas no blog da empresa.

O Silent Circle tem como outro cofundador o inventor do programa de criptografia de dados Phil Zimmermann. Apesar de ter acabado com o serviço de e-mail, o grupo continuará oferecendo troca de SMS e ligações telefônicas seguras – o que já não era possível garantir com o correio eletrônico, ressaltou Callas na mensagem.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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