Jornal que publicou estudo polêmico do Facebook se arrepende
A preocupação editorial do jornal científico surgiu na última quinta-feira, um dia após diretora de operações do Facebook pedir desculpas pela pesquisa
O jornal científico que publicou o estudo realizado pelo Facebook para analisar o humor dos usuários e outras duas universidades que analisaram os dados (Universidade Cornell e Universidade da Califórnia) se arrependeram do modo pelo qual o experimento social foi feito. A publicação da Academia Nacional de Ciência (PNAS) afirmou em um editorial que a manipulação das notícias de 689.003 usuários da rede social pode ter violado alguns princípios da pesquisa acadêmica.
O editor do jornal de Washington, Inder Verma disse que o Facebook, como uma companhia com foco no lucro, não tinha a obrigação de usar esses princípios científicos. “Baseado na informação dada pelos autores (da pesquisa), os editores da PNAS consideraram apropriado publicar (o artigo)”, explicou.
“No entanto, é uma questão de preocupação que a coleta de dados do Facebook pode ter envolvido práticas que não eram totalmente coerentes com os princípios de obtenção por meio de consentimento informado e permitindo aos participantes saírem (do estudo)”.
A preocupação editorial do jornal científico surgiu na última quinta-feira, um dia após Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook, pedir desculpas pela pesquisa e lamentar que a análise tenha sido “pobremente comunicada”.
Os comentários de Sandeberg surgiram depois de os reguladores da Irlanda, França e Reino Unido afirmarem que estão investigando se o Facebook violou leis de proteção de dados.
Entenda a pesquisa
No dia 29 de junho veio à tona uma pesquisa que o Facebook realizou em janeiro de 2012 com usuários da rede social. Esse estudo verificou se o humor das pessoas mudava quando o conteúdo do feed de notícias era modificado também. O Facebook priorizou conteúdos positivos e negativos no feed dessas pessoas para analisar se elas eram afetadas por eles.
O estudo intitulado “Evidências experimentais de contágio emocional em grande escala por meio das redes sociais” foi conduzido por pesquisadores associados ao Facebook, pela Universidade de Cornell e pela Universidade da Califórnia, e foi feita sem que os usuários soubessem. Os pesquisadores pretendiam verificar se o número de palavras positivas ou negativas nas mensagens lidas pelos usuários resultaria em atualizações positivas ou negativas de seus posts nas redes sociais.
A pesquisa foi publicada em junho na 17ª edição dos Anais da Academia Nacional de Ciência.