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A simplicidade impulsiona a audiência, diz diretor do Webby Awards

29 abr 2013 - 21h07
(atualizado às 21h09)
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David-Michel Davies, diretor-executivo dos Webby Awards
David-Michel Davies, diretor-executivo dos Webby Awards
Foto: Divulgação

Se hoje medir o impacto da internet não é uma tarefa simples, ser capaz de prognosticar a importância que teria a rede há 17 anos era um privilégio para poucos. Um deles foi David-Michel Davies, diretor-executivo dos Webby Awards, cerimônia que reconhece desde 1996 os melhores conteúdos da web.

Aclamado como o "Oscar da internet", o Webby Awards, que neste ano será entregue em 21 de maio em Nova York, nasceu de uma publicação "muito à frente de seu tempo", que premia de pequenas realizações a gigantes como o Google.

"Quando começamos os prêmios Webby, de umas 30 milhões de pessoas online, diria que, provavelmente, metade delas usava e-mail. E hoje há 3 bilhões de usuários", diz Davies em entrevista ao Terra.

O executivo, que seguiu de muito perto o impacto meteórico da internet e a evolução dos sofisticados aparelhos móveis, destaca, porém, que a maior tendência digital é a simplicidade. Leia a entrevista:

Terra - Como nasceu a ideia de criar o Webby Awards?

David-Michel Davies - Começou com uma empresa chamada IDG, uma editora global de várias revistas das quais provavelmente já devem ter ouvido falar, como Computerworld, Macworld, PC World, e naquele tempo descobri que tinha uma revista chamada The Web Magazine, que falava sobre a cultura da web e da internet e se deram conta de que isso seria muito importante no futuro. Infelizmente, eles estavam adiantados demais para sua época. Creio que havia somente 20 milhões de pessoas na internet quando começaram a publicação. No primeiro ano, decidiram que um dos pontos mais importantes seria reconhecer o que havia de melhor e ajudar a indústria a avançar. Assim começaram os Webby Awards. No segundo ano a revista fechou, porém, àquela altura os Webby já eram muito populares e os organizadores pensaram em uma proposta para manter o evento ativo, pela qual estamos juntos desde então. Isso foi há 17 anos.

Terra - O quanto cresceu a organização nesses anos?

David-Michel Davies - Acredito que muito é devido ao crescimento da internet. Quando começamos os prêmios Webby, de umas 30 milhões de pessoas online, diria que, provavelmente, metade delas usava e-mail. E hoje há 3 bilhões de usuários. Não havia muitas pessoas online, se elegia uma grande quantidade de conteúdo científico e artístico, o que era sem dúvida recente e interessante, porém a maioria das pessoas no mundo tinha uma outra ideia. Agora diria que a internet e a cultura web são o maior impulso de mudança global, dando poder às pessoas no Oriente Médio para derrubar seus governos e conquistar democracia, ou mudar a maneira que as pessoas fazem vídeos e entretenimento em Los Angeles.

Terra - Como se elege os melhores sites? Qual é o critério de seleção de categorias?

David-Michel Davies - Temos dedicado tantos anos aos critérios de seleção que acredito que isso explica porque o prêmio significa tanto para as pessoas. Com o tempo, os critérios têm sido cada vez mais rigorosos. Premiamos o Google em 2000, Amazon em 1999, Flickr em 2004, todos estes sites hoje são muito populares. Temos mil juízes que vivem em 30 países diferentes. Temos pessoas como Tim Berners-Lee (considerado fundador da web), Martin Cooper (inventor do telefone móvel) e outros especialistas em tópicos específicos, como David Bowie em música e Ariana Huffington (fundadora do The Huffington Post) em política e notícias. Os juízes avaliam 11 mil trabalhos provenientes de 60 países, baseados em diferentes critérios. Se veem um site, avaliam o conteúdo, a interatividade, o design, a funcionalidade, a arquitetura da informação e a experiência geral. Se trata de vídeos, nos fixamos na arte, narração de histórias e o roteiro.

Terra - Qual é o impacto dos Webby Awards na cultura digital?

David-Michel Davies - Há dois pontos fundamentais: avaliamos muitos trabalhos e realmente honramos o melhor, o que oferece um ponto de estabilidade para quem busca o melhor em categorias específicas, seja os melhores sites de cinema, os melhores aplicativos e os melhores vídeos. Além disso, o reconhecimento e honra estabelecem um padrão do que é bom e isso informa a indústria sobre os objetivos e as expectativas que devem ser o seu próprio trabalho. Publicidade, promoção e reconhecimento dos indicados e vencedores dão visibilidade ao seu trabalho e dá à indústria algo a ser medido.

Terra - Como nasceu a ideia do discurso de cinco palavras?

David-Michel Davies - Nos demos conta de que os ganhadores subiam ao palco e sofriam muita pressão para agradecer seus agentes e familiares, e a verdade é que a maioria dos espectadores não tinha ideia que quem eram essas pessoas. Decidimos limitar o que dizer a cinco palavras, o que faz com que as pessoas que trabalhem com elas, ou seus irmãos e irmãs, não possam reclamar porque só tem cinco palavras para agradecê-los. Isso trouxe muito mais energia e emoção à apresentação e destaca o belo momento que vivem e compartilham com todo o público.

Terra - Pode dizer quais são seus favoritos?

David-Michel Davies - É interessante, porque os melhores não estão especificamente relacionados à pessoa ou à companhia, mas com algo que está passando o mundo. É difícil dizer que um é melhor que outro, porém adoro o discurso de Al Gore (ex-vice-presidente americano), "Please don't recount this vote" ("por favor, não recontem este voto"), é um bom exemplo porque significou que ele vivia aquele momento. Outro dos meus favoritos foi o de Anna Wintour (editora da Vogue), dois anos atrás, "Sometimes, geeks can be chic" ("às vezes, os geeks podem ser chiques") e o dos Beastie Boys, "Can anyone fix my computer?" ("alguém pode consertar meu computador?").

Terra - Dispositivos móveis são as grandes estrelas da edição 2013. Qual será a próxima tendência digital?

David-Michel Davies - O que me parece muito interessante é que o trabalho que se fazia no espaço móvel há alguns anos não era tão bom, e não porque as pessoas não estavam se esforçando, mas porque não havia infraestrutura técnica. Os telefones não eram tão rápidos, as câmeras não eram tão boas, tampouco os dispositivos de GPS. Era uma tarefa dura conectar-se à web em diversas redes, porém, com a invenção do iPhone em 2007, isso mudou. As pessoas se deram conta do quão sofisticado e rápido poderia ser o uso de aplicativos, porém, infelizmente, ainda era difícil navegar na internet no telefone. Os apps estabeleceram um padrão do que queriam os usuários quanto à experiência móvel, que se tornou mais simples, direta e rápida.

Terra - Quais são seus sites favoritos, que não se apagam de sua mente quando se fala de internet?

David-Michel Davies - Há alguns exemplos este ano que me parecem verdadeiramente excepcionais, como o Mint.com, uma ferramenta para as finanças pessoas, com uma fantástica experiência web e um nível profissional de funcionalidade e características para ajudar as pessoas que tenham que pagar algo. É algo que construíram e trabalharam durante anos. Às vezes se vê algo que está muito bom, porém não dura tanto tempo. As coisas que duram são difíceis de superar. O Google é um bom exemplo. É difícil ser melhor que o Google na busca, já que estão fazendo isso há muito tempo. Também gosto de coisas que me fazem rir. Adoro categorias estranhas. Este ano tem um site, nosso favorito aqui no escritório, que se chama "One tiny hand" ("uma pequena mão"), que mostra, literalmente, imagens de pessoas em diferentes situações com uma das mãos menor que a outra. Outro que gosto, da categoria Cultura Blog, se chama "Humans of New York" ("humanos de Nova York"),um excelente blog que mostra fotografias de pessoas em Nova York com grandes histórias.

Terra - Em sua análise, o que impulsiona a audiência atual?

David-Michel Davies - Algo que a gente fala o tempo todo, e que com sorte permanecerá por muito tempo, é a simplicidade. Ter que trabalhar em telas de celulares tão pequenos tem forçado a eliminação de uma grande quantidade de funções que ocupavam muito lugar e que as pessoas não usam e, ao fazer isso, voltamos à melhor experiência de navegação e vemos produtos que são muito mais ágeis e simples. Com sorte, aqueles dias de navegação com informações por todos os lados acabarão.

Fonte: Terra
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