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Interagir com computador por gestos é o que há de mais natural

Existem diversas áreas de atuação do uso de interfaces gestuais que precisam ser consideradas.

6 abr 2022 - 05h00
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Foto: Adobe Stock

Dentro da área de sistemas interativos, existem tecnologias que nos permitem realizar interações de forma mais natural, são as chamadas Non-conventional interfaces ou Natural User Interfaces (NUI), ou seja, Interfaces Não-convencionais ou Interfaces Naturais. Refiro-me à interface como o meio em que nós, humanos, temos para nos comunicar com o computador. Assim, o teclado, o mouse e as telas sensíveis ao toque são considerados interfaces (convencionais). 

Quando solicitamos informações através da voz para um telefone inteligente ou usamos o corpo para jogos numa televisão, por exemplo, estamos utilizando uma interface não convencional ou natural. São as interfaces de usuário baseadas em voz e as interfaces baseadas em gesto, denominadas interfaces gestuais.

Os gestos são uma forma de comunicação não verbal que utiliza ações corporais interpretadas por áreas específicas do nosso cérebro. Desde os tempos do Império Romano, os gestos já eram utilizados para dar mais ênfase aos discursos retóricos.

Atualmente, na área de sistemas interativos, os gestos se tornaram uma forma de interagirmos com o computador de maneira mais rápida, imersiva, fluída e divertida, sejam essas interfaces visíveis ou não.

Já vislumbrada no filme Minory Report, de 2002, a interface baseada em gestos se tornou mais utilizada a partir dos consoles de vídeo games como o Nintendo Wii e o Xbox. A partir daí, vários jogos, comerciais e acadêmicos, utilizaram tal tecnologia, fazendo com que o usuário utilizasse seu corpo para a interação (interfaces gestuais).

Especificamente, como área de pesquisa e desenvolvimento, posso citar alguns projetos desenvolvidos sob a minha supervisão. Um deles foi um trabalho mais teórico de como se construir um processo de desenvolvimento focado neste tipo de aplicações. Isso requer que se repense todas as fases do ciclo de desenvolvimento de um software, desde os requisitos necessários para o uso desta tecnologia até no processo de avaliação. 

Por exemplo, em relação à maneira como a aplicação deve realizar alguma ação (chamamos isso de requisitos não funcionais) é necessário se pensar na posição física do usuário relacionada com dispositivos responsáveis pela captura de gestos e características do ambiente (iluminação, área física e background). Na fase de avaliação da facilidade de uso da aplicação (chamamos isso de usabilidade), é importante levar em consideração a precisão dos gestos e o seu reconhecimento, além de taxas de demora na aplicação responder a alguma ação (o que chamamos de delay) e do desempenho do sistema.

Um segundo estudo utilizou Kinect (sensor que era acoplado ao dispositivo Xbox para jogos utilizando o corpo) para a interação em dois jogos “sérios” (jogos que são utilizados não somente para entretenimento, mas com um apelo educacional ou de saúde, por exemplo) para público-idoso para treino de memória através do teste de corsi (teste utilizado, em Psicologia, para avaliar a memória visuoespacial) e outro simulando o jogo Genius. Ao mesmo tempo que treinava a memória de idosos, eles podiam realizar atividades físicas em movimentos com os braços.

E o que podemos pensar para o futuro? Existem diversas áreas de atuação do uso de interfaces gestuais, como Educação e Saúde, mas também ligadas a casas inteligentes, Internet das coisas (IoT), interação em dispositivos móveis e TVs inteligentes. E ainda existem muitas lacunas no sentido de padronização de gestos para interação a fim de se gerar uma linguagem corporal para todas as aplicações por gestos e diminuição da carga cognitiva de seus usuários.

(*) Valéria Farinazzo Martins é professora do Programa de Mestrado Profissional em Computação Aplicada da Mackenzie.

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