PUBLICIDADE

Futurecom 2018: conectividade é problema para deixar agronegócio mais tecnológico

Em debate no evento, operadoras relatam inviabilidade econômica de cobrir grandes áreas, enquanto empresas criam soluções para se virarem com a infraestrutura que já existe

18 out 2018 - 16h05
Compartilhar
Exibir comentários

Se, há alguns anos, as soluções para o campo se restringiam a remédios para carrapatos e produtos para pragas, hoje há uma série de tecnologias aplicadas no agronegócio - de acordo com a segunda edição o Censo AgTech Startups Brasil, feito pela AgTechGarage e a Escola Superior de Agricultura da USP (Esalq), estima-se que haja cerca de 300 startups de agronegócio no Brasil. No entanto, nem sempre é fácil implementar essas ideias nas lavouras, esbarrando em empecilhos como a falta de conectividade - um dos temas principais de debate feito por executivos do agro e operadoras na Futurecom, maior feira de telecomunicações da América Latina, na última quarta-feira, 17.

Hoje, sofisticações como o monitoramento de safra para aumento de rentabilidade, o uso de sensores no campo e na floresta e a aplicação da tecnologia como método de gestão para o controle da produção, entretanto, não são acompanhadas pela melhoria da conexão. Segundo Paulo Bernardocki, diretor de Produtos e Tecnologia da Ericsson, as operadoras têm um problema de viabilidade econômica para oferecer a conectividade no campo - ele explica que no campo há uma quantidade muito menor de pessoas que pagariam pelo serviço.

Foi reforçada a necessidade de revisão do modelo de negócio assim como a importância de pequenos provedores de internet para resolver o problema. "Se a conectividade não é viável para as grandes empresas, atores como pequenas empresas distribuidoras de internet, startups e pesquisas são fundamentais para o nosso segmento", disse Esthevan Gasparoto, presidente executivo da Treevia, uma startup que trabalha com monitoramento de florestas.

No entanto, já se percebe uma mudança de comportamento no campo. "Se antigamente falava-se para o jovem que se ele não estudasse teria que trabalhar na roça", comentou Alexandre Rangel Dantas, sócio do setor de agronegócios da consultoria EY, "hoje se você quer trabalhar na propriedade, é bom estudar bastante." Representante da Bayer, Cristiane Lourenço, vai na mesma linha: "o funcionário consegue usar a ferramenta, decora o botão e faz o procedimento", afirma. "Mas os produtores seguem afirmando que o desafio maior é conseguir conectar tudo dentro do campo para que as informações cheguem à base".

Improviso. Enquanto a questão não se resolve, há quem dê um jeito de se virar com o que já existe. A empresa de tecnologia AgroTools, por exemplo, criou um dispositivo para coletar dados climáticos que funciona offline - o produtor usa o aplicativo, coleta os dados via Bluetooth, e quando ele chega em um lugar com conectividade os dados vão para a plataforma.

"Temos uma visão pragmática, sabendo das limitações brasileiras", diz Lucas Tuffi, sócio e diretor comercial e marketing da Agrotools, "não é o melhor dos mundos, mas é o que temos para hoje".

A startup JetBov, que desenvolveu uma plataforma para gerir o trabalho de criadores de gado, também compartilha dessa mesma visão. Para coletar os dados no campo, o aplicativo da empresa se conecta via bluetooth com quase todos os equipamentos. "Para tirar essa informação lá do campo, é necessário ter um ponto de internet", diz Xisto Alves, diretor executivo da startup, "mas vejo essa medida como um padrão no setor em relação a como resolver o problema da conectividade".

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade