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Empreendedores brasileiros ainda sofrem para atrair doações em crowdfunding

Projetos que precisam de financiamento coletivo ainda patinam nas plataformas especializadas do País

22 jul 2018 - 05h14
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O desenvolvedor de software Cristiano Clesar tinha um projeto para lá de ambicioso na cabeça: criar a sua própria rede social. Para levar a cabo sua ideia de emular Mark Zuckerberg, resolveu tentar captar R$ 384 mil em um site de financiamento coletivo. No entanto, sua arrecadação se resumiu a meros R$ 20 - pagos por ele mesmo.

É uma amostra de como ainda é difícil captar recursos para projetos de tecnologia no País, mesmo com o crescimento das plataformas de crowdfunding por aqui - juntos, Catarse e Kickante, principais empresas do setor aqui, tiveram 38 mil projetos em 2017, contra 30 mil registrados no ano anterior.

Geraldo Aleandro, diretor de comunidade do Catarse, admite que a plataforma não tem estratégias específicas para atrair projetos de tecnologia. "Ainda estamos estudando formas de entender melhor e fazer crescer o setor", diz Aleandro.

A dificuldade de atrair o público brasileiro foi o que fez o engenheiro baiano Felipe Junquilho levar o projeto da Movpak, misto de mochila com skate elétrico, para o site americano Kickstarter - na visão dele, o projeto teria mais chance de dar certo em um ambiente global. O palpite estava correto: em sua campanha, o produto coletou US$ 263 mil em colaborações. "Ter um bom projeto não é o suficiente, é preciso um planejamento financeiro e de desenvolvimento de produto", diz.

Voo. Para Candice Pascoal, presidente da Kickante, a cultura de usar crowdfunding na área de tecnologia no Brasil ainda está amadurecendo. A executiva diz que aposta na inovação de sua própria plataforma para atrair ideias de tecnologia. "A relevância dos projetos de tecnologia depende de um ambiente de negócios mais propício, como há nos EUA", afirma.

Newton Campos, coordenador do Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), diz que muitos projetos ainda têm dificuldade de fazer uma boa divulgação. Segundo ele, falta profissionalização em grande parte dos projetos brasileiros. "Ainda há quem acredita que fazer um vídeo explicativo é o suficiente. Não é mais", diz.

Estadão
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