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Digitalizar é só o começo

O que discutimos hoje é só a ponta do iceberg

5 set 2018 - 05h12
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Tente se lembrar da última vez que enviou uma carta pelos Correios ou que usou um talão de cheques. Arrisco dizer que não será fácil se lembrar dessas datas. Por outro lado, enviamos diariamente dezenas de mensagens por e-mail e WhatsApp e fazemos transações financeiras sem nem perceber que elas acontecem - seja usando um app de caronas ou ao pagar uma conta via débito automático. Dá quase para pensar que tudo a nossa volta virou digital. Mas não é bem assim.

Graças a propriedades quase mágicas do mundo digital, o impacto da digitalização é brutal. Bens e serviços digitais rompem com a barreira do espaço e do tempo. O aumento de eficiência e a economia com logística e tempo são gigantescos. Se o bem é digital, como um livro ou um filme, o armazenamento deixa de ser um problema. E as cópias, se fizerem sentido, serão sempre perfeitas, sem desgaste pelo uso ou perda de qualidade. Imaginem a economia em armazenamento e custos de produção e distribuição.

Se juntarmos isso com as atuais tendências do aumento de capacidade computacional e da redução dos custos desta infraestrutura, veremos que as vantagens do mundo digital vêm com um custo marginal próximo de zero para novos bens ou processos. É eficiência na veia. Na luta diária para a sobrevivência dos negócios, pensar na digitalização não é apenas uma questão de melhoria de processos ou modernização. É uma condição para a sustentabilidade dos negócios hoje!

Porém, se mudarmos nosso foco para além do que acontece em nossas carteiras e smartphones, veremos um longo caminho a ser trilhado. Pedaços gigantes da economia ainda vivem na idade da pedra - ou do papel e carimbo para ser mais preciso. Nem vou me ater às inúmeras vezes que passei almoços conversando sobre as filas e os processos de um cartório no Brasil.

Vamos falar de algo mais corriqueiro e que tem impacto direto na vida de todos nós. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 75% das prescrições médicas feitas no Brasil têm chance de erro. Por outro lado, estudos da indústria mostram que menos de 40% dos estabelecimentos médicos do Brasil registram de forma digital as informações sobre uso de medicamentos. O número de prescrições feitas de maneira digital deve ser ainda menor. Como resultado, temos milhares de mortes por ano ligadas a erros de medicação. Uma boa parte delas poderia ser evitada com a digitalização. Nos EUA, mais de 77% das prescrições já são feitas digitalmente.

Digitalização é vida para pessoas e negócios. O que discutimos hoje é só a ponta do iceberg. Se imaginarmos que esses produtos e bens digitais também podem ser inteligentes, ficaremos de frente a uma das maiores transformações da história. Mas isso já é assunto para nossa próxima conversa.

*É sócio do fundo Redpoint Eventures

Estadão
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