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Brasileira Movile recebe aporte de US$ 124 milhões, o maior de sua história

Dinheiro foi investido pelo Naspers Ventures e pelo fundo de Jorge Paulo Lemann; empresa vai investir na expansão de aplicativos

12 jul 2018 - 12h34
(atualizado às 21h29)
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A empresa brasileira de tecnologia Movile, dona de aplicativos como o serviço de delivery iFood e a plataforma de conteúdo para crianças PlayKids, anunciou ontem que recebeu seu maior aporte até agora, no valor de US$ 124 milhões (R$ 480 milhões). O montante foi investido na empresa por dois de seus principais acionistas, os fundos Naspers Ventures e o brasileiro Innova Capital - este último mantido por Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico do Brasil.

Trata-se do terceiro aporte dos dois fundos na companhia, que é liderada pelo empreendedor Fabricio Bloisi. No ano passado, os dois fundos já tinham liderado duas rodadas de investimento na empresa: em junho, o aporte foi de US$ 53 milhões e, em dezembro, chegou a US$ 82 milhões. Somando as três rodadas, o valor representa quase 70% dos US$ 375 milhões (R$ 1,45 bilhão) já levantados pela Movile em seus oito anos.

Mas a participação dos fundos vai além do dinheiro. Tanto Naspers quanto Innova Capital mantêm assentos no conselho de administração e, por isso, influenciam na estratégia. "A gestão do negócio continua na mão dos empreendedores, mas nós levamos nossos planos grandes para o conselho", conta o cofundador e diretor de novos negócios da Movile, Eduardo Henrique. "Eles nos questionam muito, mas uma vez que os planos amadurecem, é preciso capital. E têm investido, porque temos apresentado um crescimento consistente nos últimos anos."

Ecossistema. Atualmente, a Movile é dona de três empresas e investe em outras seis companhias no Brasil. Considerando o conjunto de aplicativos do grupo, a Movile hoje tem mais de 150 milhões de usuários ativos e sua meta é chegar a 1 bilhão de usuários ativos - a empresa não divulga um prazo para a meta ser atingida.

"A Movile virou uma Alphabet à brasileira", diz o empreendedor e autor do livro 10 Mil Startups, Felipe Matos, referindo-se à holding que controla o Google e a uma série de outros negócios que nasceram no gigante de buscas e tornaram-se independentes ao longo do tempo. "É uma empresa que coloca os aplicativos móveis no centro da estratégia, mas tem uma série de produtos embaixo dela."

A grande estrela da empresa é o aplicativo de delivery de comida iFood. Em março de 2018, o serviço chegou a 8,2 milhões de pedidos entregues, o que dá uma dimensão do tamanho da operação. Hoje, o app está presente em 398 cidades brasileiras. Além do aplicativo que conecta pessoas a restaurantes, a empresa mantém, desde 2016, um segundo aplicativo de delivery chamado Spoon Rocket. Ele intermedeia a venda de refeições, mas também oferece o serviço de logística de entrega ao restaurante, com uma frota de motoboys.

De acordo com Henrique, expandir esse braço de logística do iFood será uma das prioridades a partir do novo aporte. Hoje, trata-se de uma fatia pequena do total de entregas feitas pela empresa: 257 mil pedidos são entregues por motoboys próprios, considerando os dados de março. "Há uma oportunidade de o iFood crescer ainda mais em logística", conta o executivo. "Nos inspiramos na chinesa Meituan Dianping, que hoje possui uma frota de mais de 500 mil motoboys."

O objetivo da empresa é usar essa "vantagem" logística para potencializar seus outros negócios do grupo - empresas como Leiturinha, de assinatura de livros para crianças, e Sympla, de ingressos, também dependem do serviço de entrega.

Finanças. O investimento também será usado para impulsionar a startup de serviços financeiros Zoop, que recebeu um aporte de US$ 18,3 milhões da Movile em março. Segundo apurou o Estado, a empresa cresceu mais de dez vezes após o aporte, boa parte pelo impulso recebido pelo processamento de pagamentos de clientes de outros serviços da Movile, como o iFood e a Sympla.

"O iFood é nosso maior negócio hoje", diz Henrique. "Mas o que realmente queremos é fazer todas as empresas trabalharem juntas."

Para Matos, a Movile está caminhando para se tornar cada vez mais uma empresa de serviços financeiros, pelo volume transacionado nas plataformas do grupo. "É algo transversal para todos os serviços", diz. "Quando o negócio vira um minibanco, surgirão muitas oportunidades pelo caminho."

Estadão
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