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Mexicana Nowports levanta US$ 150 mi, vira 'unicórnio' e mira Brasil

Companhia usa tecnologia para digitalizar o setor portuário da América Latina

24 mai 2022 - 14h06
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Cinco meses depois de levantar uma rodada de investimento de US$ 60 milhões, a mexicana Nowports, especializada em digitalizar serviços para o setor portuário, anuncia nesta terça-feira, 24, outro cheque de US$ 150 milhões. A cifra sobe o valuation da companhia para US$ 1,1 bilhão, tornando empresa o 8.º "unicórnio" do México (termo para as startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão).

A nova rodada foi liderada fundo japonês SoftBank, com partipação da Tiger Global, Foundation Capital, Monashees, Soma, Broadhaven Ventures, Mouro Capital, Tencent e Base10 Partners. Como investidores-anjo, participaram Daniel Voguel (fundador da mexicana Bitso), Ricardo Amper (da americana Incode), Alex Bouazis (da americana Deel) e Roger Laughlin (da mexicana Kavak) — todos fundadores de unicórnios.

A Nowports tem como principal negócio a área de logística de cargas em navios e aviões, permitindo a rastreabilidade dos contâiners em uma plataforma criada pela startup. A ideia é oferecer soluções completas para empresas de exportação e importação de produtos.

Devido ao potencial na área, a Nowports anunciou chegada ao Brasil em dezembro de 2021, com expectativa de se impulsionar no País. Hoje, com 50 funcionários em escritório em São Paulo, a meta é somar 200 pessoas até o fim deste ano.

"Brasil é uma das nossas prioridades como companhia. Não é apenas um país que importa bens, mas também exporta produtos", conta ao Estadão Alfonso de los Ríos, um dos fundadores e atual presidente-executivo da Nowports. Além de expandir a operação em São Paulo, a mexicana pretende abrir, no próximo semestre, um escritório em Itajaí (SC).

Segundo Ríos, o cheque deve ser usado para dobrar os investimentos nos 7 países onde a Nowports atua: além do México e Brasil, a startup está presente no Chile, Colômbia, Panamá, Peru e Uruguai, com mais de um escritório em alguns desses países.

Depois do verão no hemisfério norte, também deve ser aberto uma filial na Espanha, dando início às operações na Europa e como ponto estratégico para o mercdo asiático e africano.

Criada por Alfonso los Ríos e Maximiliano Casal, a Nowports nasceu no México
Criada por Alfonso los Ríos e Maximiliano Casal, a Nowports nasceu no México
Foto: Divulgação/Nowports / Estadão

Escassez de unicórnios

Virar uma startup unicórnio em 2022 tornou-se feito raro, depois da bonança de 2020 e 2021. No período pandêmico, o mercado estava com alta liquidez de capital e as companhias de tecnologia eram o investimento mais atrativo, alavancando as startups e impulsionando negócios de digitalização em áreas diversas. Não à toa, foi um ano recorde para as startups da América Latina.

O cenário mudou em 2022, com a alta dos juros para frear a inflação e, mais recentemente, a guerra na Ucrânia, que desorganiza as cadeias produtivas mundiais e gera incertezas entre os investidores com a extensão do conflito.

Como resultado, as startups têm menos capital disponível para levantar entre os fundos de investimento, o que as leva a apertar os cintos para tempos de escassez — e demissões e ajustes de rota têm se tornado cada vez mais comum em um setor conhecido por contratações às centenas. A consequência direta disso é haver menos cheques e, na ponta final, menos unicórnios nascendo.

Para Ríos, tornar-se unicórnio em 2022, em meio a tantas adversidades, ajuda a reforçar o bom momento por que passa o mercado de inovação mexicano. Desde 2021, o ecossistema despontou com diversos nomes, como Kavak e Clara.

"É muita responsabilidade", diz o CEO. "Para o México e a América Latina, é um novo desafio de tentar mostrar aos investidores internacionais que nossas startups não são um momento, e sim de que estamos aqui para resolver os problemas dos próximos 10 a 15 anos."

Estadão
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