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Herdeiro da Papaiz cria startup para fazer brasileiro por a mão na massa

Criada em 2018, Protto lança nesta segunda-feira seu primeiro produto: a Alva, uma luminária inteligente que deve ser montada pelo usuário, da estrutura à parte eletrônica

25 nov 2019 - 05h11
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Ensinar os brasileiros a montar objetos como uma luminária inteligente, do primeiro parafuso até o acender-se das luzes: essa é a ideia da startup Protto, que coloca seu primeiro produto no mercado nesta segunda-feira, 25. Trata-se da Alva, uma luminária que custa R$ 1 mil e chega aos consumidores em uma caixa toda desmontada, com um passo-a-passo para que o usuário aprenda não só a construir sua parte elétrica, eletrônica e coordenar as peças, mas também use o que descobriu para criar novos objetos ou customizar aqueles que já têm em sua casa.

"A ideia é quebrar a barreira de que a tecnologia é para poucos", afirma Gianpaolo Papaiz, fundador da startup. "O usuário vai ter que, por exemplo, montar o soquete da lâmpada conectando cobre e os cabos. Ali, ele vai aprender também a consertar um abajur que esteja quebrado em sua casa", afirma o executivo, um claro seguidor da cultura maker. É um grupo que já habita as bordas do universo tecnológico: trata-se de um movimento que reúne pessoas com conhecimento em eletrônica, programação, design, marcenaria e modelagem que fabricam seus próprios produtos.

Foi algo que Gianpaolo descobriu ao visitar uma edição da Campus Party 2018. Herdeiro do grupo Papaiz, fabricante de chaves e cadeados, ele foi criado para assumir o negócio da família, mas não se identificava com a ideia. "Eu queria cursar Computação, mas a família me pressionou a seguir por Administração", conta. Passou por diversos estágios, processos de trainee e ocupações até fazer um curso de formação de empreendedores. Uma das atividades foi se internar na feira de tecnologia, realizada todo mês de janeiro em São Paulo.

"Logo na fila, vi o pessoal falando sobre Arduino. Mergulhei naquele universo e percebi que era aquilo que eu queria fazer", diz. Arduino é um computador simples e customizável, usado na área de tecnologia para testes e conceitos, bastante apropriado para o universo maker. Ele segue presente na vida de Gianpaolo: a Alva contém uma dessas placas simples, que poderá ser programada pelo usuário para responder a um sensor de distância, usado para ligar a lâmpada, bem como mostrar hora, data e mensagens personalizadas. Parte do controle da luminária também poderá ser executado por um aplicativo para smartphones.

Criada no primeiro trimestre de 2018, a Protto envolveu um investimento de R$ 800 mil por parte de seu criador. A empresa ainda tem uma estrutura simples: opera em um galpão da família de Papaiz em Diadema (SP), no ABC Paulista. Além de seu fundador, tem apenas mais um funcionário, que auxilia o executivo na montagem dos kits da Alva - as peças vêm de cinco parceiros diferentes da startup. Já a Papaiz, vale lembrar, já não está mais com a família que lhe emprestou o nome: em 2015, a empresa foi vendida para o grupo sueco Assa Abloy, por valores não revelados.

Próximos passos

Para Gianpaolo, a Alva é apenas o início de um conceito. "Num futuro breve, queremos liberar tanto o código do Arduino como o do aplicativo para que o usuário possa customizar com suas próprias ideias", explica ele. Outros objetos inteligentes devem ser lançados pela empresa, bem como uma plataforma de aprendizado - uma das metas do executivo é oferecer a Alva como material de estudo para escolas de programação e cultura maker.

Na visão de Papaiz, pouco importa que a maioria dos brasileiros não seja afeito à cultura do "faça-você-mesmo" - algo considerado por especialistas como obstáculo para a popularização da cultura maker e de casas conectadas por aqui. "O Brasil não é maker na superfície, mas o jeitinho brasileiro faz a gente ser maker por essência", afirma. Ele aposta ainda em uma nova conexão das pessoas com seus objetos. "As pessoas estão cada vez mais curiosas em fazer coisas com as próprias mãos. De quebra, montar algo junto de outras pessoas gera conexão emocional", diz o executivo, que espera ver seu produto sendo montado por pais e filhos.

Estadão
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