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Fintech colombiana Addi levanta US$ 75 mi em segunda rodada de 2021

De maio até agora, já foram levantados cerca de R$ 700 milhões, que serão utilizados para expandir a operação da startup no Brasil

8 set 2021 - 18h00
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A fintech Addi, que permite o parcelamento de compras no varejo sem juros, anuncia nesta quarta-feira, 8, um novo aporte de US$ 75 milhões (cerca de R$ 390 milhões). O valor se soma aos U$ 65 milhões (R$ 338 milhões) já levantados na rodada Série B (dedicada a startups que estão ganhando escala), marcando a chegada da empresa colombiana ao Brasil, em maio, totalizando um investimento total de mais de R$ 700 milhões no período.

O montante arrecadado será utilizado principalmente para expandir a rede de varejo da companhia e fortalecer a equipe, disse o confudador da Addi, Daniel Vallejo, em entrevista ao Estadão/Broadcast. Segundo a plataforma, a cifra anunciada hoje quase triplica o valor de mercado da companhia para "centenas de milhões" - a empresa não informa os valores absolutos.

Atualmente, a fintech oferece o serviço de "buy now, pay later" (compre agora, pague depois) para 100 varejistas brasileiros. A meta é utilizar esses investimentos para aumentar o número em dez vezes em 2022, chegando a pelo menos mil parceiros, segundo Vallejo.

"Mais do que um número maior de empresas atendidas, buscamos ampliar o mix de produtos para que o cliente encontre variedade dentro da plataforma", destaca o executivo. Desde a chegada da fintech ao País, em maio, foram realizadas 20 mil transações por meio da plataforma.

Da esq. para a dir., Santiago Suarez, Danial Vallejo e Elmer Ortega são os fundadores da fintech colombiana Addi
Da esq. para a dir., Santiago Suarez, Danial Vallejo e Elmer Ortega são os fundadores da fintech colombiana Addi
Foto: Divulgação/Addi / Estadão

O investimento na equipe é o segundo principal destino dos recursos levantados na rodada anunciada hoje, liderada pela Greycroft. A equipe de funcionários, formada por estrangeiros e brasileiros, tem sido uma vantagem competitiva, na avaliação de Vallejo. Ele explica que essas estratégias são caminhos rumo ao objetivo final: impulsionar a venda dos varejistas por meio do serviço. A solução permite o pagamento por meio de uma entrada de 25% e três parcelas sem juros pelo Pix, enquanto o valor é pago à vista pela fintech ao varejista na hora da compra.

A flexibilização do pagamento é uma boa estratégia para aumentar as vendas de varejistas, principalmente de menor porte, avalia Fausto Arruda, CEO da Xsfera, consultoria de negócios focada no mercado financeiro e de pagamentos. O especialista pontua que aquisição de fintechs próprias, tendência entre grandes players do mercado, como Magazine Luiza e B2W, ainda é um cenário distante para as empresas menores. "Essa é uma forma de democratizar o acesso às novas formas de pagamento. Apesar das mudanças recentes, o crédito continua sendo uma grande alavanca de consumo", explica.

A rodada anunciada hoje contou também com participação de novos investidores, como GGV Capital, Citius Capital e Intersection Growth Partners, assim como atuais, incluindo Andreessen Horowitz, Citius VC, Endeavor Catalyst, Foundation Capital, Monashees e Quona Capital. Os investimentos ainda contaram com a participação do Union Square's Opportunity Fund, que liderou a rodada anterior.

Novos ares

Os planos da Addi para o investimento incluem a entrada no mercado mexicano a partir do próximo ano, mas a fintech tem dado preferência por profundidade nos territórios já atendidos antes de alçar novos voos, com destaque para o Brasil. O mercado nacional tende a ser o carro-chefe da marca até o final de 2021 e a projeção é de que movimente cerca de R$ 1 bilhão no próximo ano. A Addi está disponível atualmente para compras por e-commerce, por celular e em pontos de venda físicos também na Colômbia, país-sede da companhia.

Vallejo reconhece que o cenário macroeconômico é incerto para o País, principalmente com as eleições presidenciais no ano que vem. No entanto, afirma que a aposta da Addi no Brasil é de longo prazo.

Enquanto isso, as aquisições não são descartadas pelo executivo como forma de expansão, mas estão longe de ser uma prioridade. "Estamos acelerando o máximo possível com o que já temos. Não eliminamos essa possibilidade, apenas não é nosso foco. Se mais para frente fizer sentido, faremos", complementou.

Sem enrolação

O público-alvo da Addi são pessoas sem acesso a cartões de crédito ou que não querem comprometer o limite com esse tipo de compra. Vallejo cita os custos menores e a experiência do cliente como os principais diferenciais da empresa em meio à forte concorrência. O executivo classifica o sistema da empresa como "sem enrolação". Para ter acesso ao crédito oferecido, não são necessários referência ou fiador, apenas um documento de identidade e WhatsApp.

"Não somos um crediário, que tem uma conotação ruim pelo alto custo. Por ser muito caro, é uma experiência ruim para o cliente", afirma. "Nossa meta é ser um parceiro que não interfere no momento de compra e seja muito fácil de usar", complementa.

Os novos modelos de pagamento oferecidos pelas fintechs, que ganharam ainda mais fôlego a partir do Pix, ampliam o acesso ao crédito e reduzem os custos dos produtos financeiros, avalia o sócio de Mercado de Capitais do Santos Neto Advogados, Matheus Zilioti. Ele destaca, no entanto, que os consumidores precisam ter cautela com modalidades apresentadas como "sem juros".

"Em algumas modalidades, pode até não ser o consumidor quem paga os juros, mas não existe financiamento sem custos. Há estruturas em que o próprio vendedor arca, direta ou indiretamente, com isso, seja por meio da redução de suas margens ou com o pagamento de taxas ou comissões para entidades financiadoras parceiras, mas cabe ao consumidor verificar se tal custo não está sendo repassado no próprio preço do produto adquirido", comenta.

Além disso, Zilioti afirma que em meio ao cenário de incerteza econômica, o cliente também precisa ter cuidado para que condições de financiamento atrativas não desencadeiem um consumo irrefletido, com comprometimento de parte significativa de sua renda.

Estadão
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