PUBLICIDADE

Google também tinha app para espionar celulares

Gigante das buscas trocava amplo acesso ao smartphone por vale-compras; caso se assemelha ao do Facebook

30 jan 2019 - 19h04
(atualizado às 21h28)
Compartilhar
Exibir comentários

Na noite desta terça, 29, foi revelado que o Facebook burlava as regras da App Store, da Apple, para monitorar os celulares de pessoas entre 13 e 35 anos em troca de vale-compras. Mas a empresa de Mark Zuckerberg não era a única. Segundo o site TechCrunch, o Google também violou as regras da Apple para ter amplo acesso aos dados de donos de iPhones, alguns com 13 anos de idade.

O programa de monitoramento do Google ocorria desde 2012 por meio de um aplicativo chamado Screenwise Meter. Com ele, as pessoas ganhavam vale-compras para deixar a gigante espiar o tráfego e os dados do aparelho - inicialmente, pessoas a partir dos 13 anos poderiam participar. Mais tarde, o Screenwise Meter tornou-se parte do Google Opinion Rewards, que premia usuários por instalar ferramentas de monitoramento em dispositivos como celular, roteador, PC e TV.

Nesse estágio, o app convidava pessoas a partir de 18 anos a participar, mas mantinha a possibilidade de pessoas a partir dos 13 anos desde que estivessem um adulto também participasse. O programa também tinha um "modo convidado" para quando menores de 13 anos usassem o telefone - ou caso o dono do aparelho não quisesse ser monitorado.

Além de invasivo, o "app espião" só podia ser instalado com uma rotina específica, liberada pela Apple para desenvolvedores internos - mesma situação do caso do Facebook. Esse procedimento depende de certificados que permitem que desenvolvedores instalem versões diferentes de apps nos seus iPhones. A certificação também permite ampla distribuição dos programas entre os funcionários. Porém, esse certificado era para ser usado pelo Google junto apenas de seus funcionários. Não era para distribuir ou permitir a instalação de apps por pessoas aleatórias de fora da companhia. De acordo com a reportagem, o Google ensinava o usuário a instalar o certificado, burlando as regras da Apple.

No caso do Facebook, a Apple revogou os certificados da empresa, o que resultou no bloqueio de diversos apps da empresa, como versões de teste do Facebook, do WhatsApp, do Instagram e do Messenger. A revogação de certificados não faz com que os apps apenas parem de ser distribuídos, mas também com que parem de funcionar. Se a Apple considerar que o Google violou o contrato entre as duas, o mesmo poderia acontecer com a gigante das buscas - é comum na indústria que uma empresa use o mesmo certificado para vários de seus apps. O processo de desenvolvimento pdoeria ser afetado.

Após a revelação do caso, o Google disse que vai remover o Screenwise Meter do programa de certificados para desenvolvedores da Apple. A versão do app para iOS também será desabuilitada. Em um comunicado ao TechCrunch, o Google afirmou que Screenwise Meter não deveria ter sido incluso no programa de certificados. "Foi um erro e nos desculpamos", diz o documento.

"Esse app é completamente voluntário e sempre foi. Fomos claros com os usuários sobre como usamos os seus dados no app, não temos acesso a dados criptografados nos apps e nos dispositivos, e os usuários podem sair do programa a qualquer momento," completa a empresa.

Pecado original. O projeto do Facebook oferecia desde 2016 vale-compras nos EUA e na Índia para quem instalasse o app Facebook Research no iOS e no Android - o programa, então, era capaz de ver mensagens privadas em redes sociais, mensagens trocadas por apps, bem como buscas e atividades de navegação.

Com essas informações, o Facebook tomava decisões sobre a implantação de novas ferramentas em sua plataforma e até a compra de empresas emergentes que estivessem ganhando popularidade.

Uma das coisas que chamou a atenção na reportagem do TechCrunch é o fato de que o Facebook praticamente reutilizou a infraestrutura e o código do app Onavo, aplicativo banido da loja de aplicativos oficial da Apple em agosto do ano passado por permitir acesso total aos dados do smartphone.

Estadão
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Publicidade