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Fundador do Alibaba agora acredita em jornada de trabalho semanal de 12 horas

Homem mais rico da China, que já elogiou jornada semanal de 72 horas, agora acredita que a inteligência artificial pode reduzir o tempo no trabalho

29 ago 2019 - 15h08
(atualizado às 18h11)
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Após causar polêmica por apoiar uma jornada de trabalho de 12 horas diárias durante seis dias na semana, Jack Ma, fundador da gigante chinesa Alibaba, parece ter mudado de ideia. Ou, ao menos, parece ter se rendido ao poder da inteligência artificial (IA). Nesta quinta, 29, em uma conferência voltada à tecnologia, Ma afirmou que a inteligência artificial pode levar a uma jornada de trabalho semanal de 12 horas espalhadas por apenas três dias por semana.

"Acho que as pessoas deveriam trabalhar três dias na semana por quatro horas", disse ele citando avanços tecnológicos que permitiram melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho. "O poder da eletricidade é o que dá mais tempo para as pessoas irem ao karaokê de noite ou irem a festas noturnas".

O homem mais rico da China então conectou os avanços que a inteligência artificial pode trazer. "Penso isso por causa da IA. As pessoas terão mais tempo para curtirem ser seres humanos. Não acho que precisaremos de muitos empregos. Os empregos que precisamos são os que nos deixam mais felizes", disse.

Sobre os temores de que a IA pode deixar um rastro de milhões de desempregados, Ma adotou uma postura otimista. "Não me preocupo com empregos. Computadores têm apenas chips, os homens têm coração. É do coração que vem o conhecimento".

Para alcançarmos esse futuro, porém, Ma alertou que o sistema educacional precisa mudar. Ele disse que as escolas atuais estão defasadas e foram modeladas para o período industrial. Ele disse que o sistema educacional do futuro precisam ajudar as pessoas a se tornarem mais criativas.

Elon Musk e Ma debateram sobre Marte na China

Além de falar sobre a jornada de trabalho, Ma também bateu um papo com o presidente executivo da Tesla, Elon Musk, sobre inteligência artificial e o planeta Marte. Os dois evitaram falar sobre a guerra comercial entre EUA e China, o que muitos membros da plateia da Conferência Mundial de Inteligência Artificial (WAIC), em Xangai, acharam decepcionante.

Quando a conversa programada pelos magnatas foi anunciada pela primeira vez, havia muitas especulações de que eles poderiam usar o palco para falar sobre questões como os atritos comerciais entre EUA e China, que ambos haviam comentado publicamente anteriormente, sobre uma fábrica que a Tesla está construindo em Xangai, ou a iminente aposentadoria de Ma do Alibaba.

Mas a dupla evitou todas as menções a esses problemas, ao invés conversaram por mais de meia hora sobre sua visão de como a tecnologia, especialmente a inteligência artificial, moldará o futuro.

"Sempre fico impressionado com a sua visão da tecnologia, não sou um cara tecnológico", disse Ma em suas primeiras observações a Musk, antes de falar sobre como a inteligência artificial não era uma ameaça.

Ma se descreveu como "otimista" em relação ao impacto da IA na humanidade, acrescentando que as pessoas que se preocupam demais com isso têm o que ele chama de "inteligência de faculdade". "Pessoas como nós, que temos a inteligência das ruas, não temos medo disso."

Eles também conversaram sobre viagens espaciais, com Ma elogiando Musk por suas tentativas de viajar para Marte via SpaceX, enquanto Musk notou os avanços da China nessa área, bem como o quão "inadequados" os seres humanos eram comparados aos computadores.

O funcionário de tecnologia, Simon Zhang, que estava na plateia, disse à Reuters que saiu com a impressão de que Musk, que chegou a Xangai pela manhã, estava sofrendo de jet lag.

"A conversa não foi tão emocionante quanto eu esperava", disse ele. "Cada um deles estava falando sobre seus próprios tópicos separados".

Outro membro da plateia, que deu o nome de Cheney , expressou desapontamento semelhante. "As pessoas estavam ansiosas por isso. Mas o que Musk disse sobre inteligência artificial ele disse milhões de vezes antes, e Jack Ma estava apenas sendo Jack Ma."

Estadão
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