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Facebook ignorou alertas sobre poder polarizador de sua plataforma, diz jornal

Empresa teria sido alertada de que o seu algoritmo promovia conteúdos segregatórios, mas não fez mudanças por temor de que isso reduzisse o tempo dos usuários no site

27 mai 2020 - 11h31
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Era para o Facebook nos unir, mas ele nos separou. Uma reportagem do Wall Street Journal publicada nesta terça, 26, mostrou que estudos internos da companhia concluíram que o seu algoritmo de distribuição de conteúdo contribuíram para a polarização e segregação das pessoas. Pior: segundo a reportagem, o comando da companhia ignorou o alerta por considerar que mudanças poderiam reduzir o engajamento dos usuários, o que posteriormente resultaria em perdas comerciais.

"Os nossos algoritmos exploram a atração do cérebro humano por divisão", diz um dos documentos obtidos pelo WSJ. Junto dele, havia um alerta de que o sistema continuaria a servir conteúdo com potencial segregatório se nada fosse feito, pois isso aumentaria o uso e tempo gasto na plataforma. Um outro documento de 2016 mostrou que 64% das pessoas que entraram para algum grupo extremista no Facebook fizeram isso por conta do algoritmo da empresa.

Segundo o jornal, um dos principais responsáveis por minimizar os danos do algoritmo seria Joel Kaplan, vice-presidente política pública global. Ele é acusado por crítico de manter uma agenda conservadora dentro da plataforma. Ele seria, por exemplo, o responsável pela postura da empresa de permitir que políticos tenham propagandas mentirosas na rede social.

Um projeto sabotado por Kaplan era batizado de "Common Ground", que pretendia promover mais conteúdo neutro, que pudesse conectar a pessoas por hobbies e assuntos de interesses parecidos. A equipe do projeto foi desmontada após não conseguir alterar a maneira como a companhia enxergava o engajamento na plataforma. Caso precisasse moderar conteúdo polarizador, o tempo gasto por usuários no site poderia ser reduzido.

Após a publicação da reportagem, o Facebook se manifestou: "Aprendemos muito desde 2016 e não somos a mesma companhia atualmente. Criamos uma equipe robusta de integridade, reforçamos nossas políticas e práticas para limitar conteúdo danoso, e usamos pesquisa para entender o impacto da nossa plataforma na sociedadepara continuarmos a melhorar. Apenas em fevereiro US$ 2 milhões em financiamento para apoiar propostas de pesquisa sobre polarização".

Estadão
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