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EXCLUSIVO-China quer acelerar planos para produção de chips em meio a tensões comerciais com EUA, dizem fontes

19 abr 2018 - 15h36
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A China quer acelerar os planos para desenvolver seu mercado interno de semicondutores em meio a um forte impasse comercial com os Estados Unidos e a proibição de venda de produtos norte-americanos para a fabricante chinesa de celulares ZTE, que ressaltou a dependência do país em relação à importação de chips.

Autoridades chinesas realizaram reuniões nesta semana com entidades do setor, reguladores e o poderoso fundo de chips do país para acelerar planos já agressivos para o setor, disseram à Reuters duas pessoas com conhecimento direto das conversas.

As conversas ressaltam a preocupação da China com a sua dependência de chips importados de empresas globais como Qualcomm e Intel, agravados por uma disputa com os Estados Unidos centrada em tecnologia de ponta.

"Nos últimos dias, funcionários chineses graduados se reuniram para discutir planos para acelerar o desenvolvimento da indústria de chips", disse uma pessoa com conhecimento das negociações, pedindo para não ser identificada por causa da sensibilidade do assunto.

A China deu prioridade ao mercado de semicondutores em sua estratégia "Made in China 2025" para reduzir a dependência de tecnologias estrangeiras e criar seus próprios campeões nacionais.

Esse objetivo ganhou nova urgência depois que os Estados Unidos proibiram a venda de produtos --incluindo chips-- para a fabricante chinesa de celulares ZTE, que usa principalmente chips norte-americanos em seus smartphones.

Uma segunda pessoa com conhecimento das conversas disse que funcionários seniores se reuniram com importantes ministérios, bem como com o Fundo Nacional de Investimentos em Circuitos Integrados, "esta semana" para discutir a aceleração dos planos devido às recentes tensões comerciais.

O Ministério de Comércio da China e o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação (MIIT) não responderam imediatamente aos pedidos de comentários enviados por fax na noite de quinta-feira. O fundo não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários.

A proibição de exportações de peças produzidas por empresas norte-americanas para a ZTE, por um período de sete anos, ocorre em um momento em que os dois países têm ameaçado um ao outro com dezenas de bilhões de dólares em tarifas, alimentando preocupações sobre uma guerra comercial completa.

Washington disse que a ZTE violou um acordo alcançado depois que foi pega enviando mercadorias ilegalmente para o Irã.

A ZTE, que tem chips da empresa norte-americana Qualcomm em 50 a 65 por cento de seus telefones, segundo estimativas, enfrenta agora uma luta para salvar seus negócios de smartphones, à medida que procura novos fornecedores.

Essa dependência excessiva assustou a China, embora a maioria dos especialistas do setor diga que a mudança de produção não será fácil.

"A China não permitirá que os Estados Unidos usem os chips como punição. A China pode tomar medidas para substituir os chips estrangeiros por domésticos", disse o jornal chinês Global Times em comentário nesta semana.

"A administração Trump está nos ajudando a tomar essa decisão."

O movimento poderia impulsionar as empresas nacionais, incluindo o Grupo Tsinghua, a Huawei, a Unisplendour, a Semiconductor Manufacturing International e a rival de menor porte Jiangsu Changjiang Electronics Technology.

A China já quer que os chips produzidos localmente estejam em 40 por cento de todos os smartphones vendidos no mercado doméstico até 2025 e está apostando bilhões de dólares em "campeões" nacionais para chegar lá. Também tem metas para robótica, carros elétricos e drogas.

Analistas dizem que está "chovendo" dinheiro de Pequim e de fundos apoiados pelo Estado para apoiar o mercado de chips, enquanto o fundo estatal, conhecido como "Big Fund", arrecadou estimados 32 bilhões de dólares em uma nova rodada de financiamento no mês passado.

O impulso dado aos chips está no centro do impasse comercial com os Estados Unidos. Pequim quer aumentar sua capacidade tecnológica e escapar de sua dependência dos produtos norte-americanos. Washington vê a mudança como um desafio direto para seus próprios líderes de tecnologia e uma potencial ameaça à segurança, à medida que o poder da China cresce.

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