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EUA proíbem venda de componentes norte-americanos para fabricante de telefones chinesa ZTE

16 abr 2018 - 12h17
(atualizado às 12h29)
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O Departamento de Comércio dos Estados Unidos está proibindo empresas norte-americanas de vender componentes para a maior fabricante de equipamentos de telecomunicações chinesa ZTE Corp por sete anos, por violar os termos de um caso relativo a sanções, disseram nesta segunda-feira autoridades dos EUA.

26/2/2018 REUTERS/Yves Herman
26/2/2018 REUTERS/Yves Herman
Foto: Reuters

A empresa chinesa, uma das maiores vendedoras de smartphones nos Estados Unidos, se declarou culpada no ano passado em um tribunal federal no Texas por conspirar para violar sanções norte-americanas ao embarcar ilegalmente produtos e tecnologia dos EUA para o Irã. A empresa pagou 890 milhões de dólares em multas e penalidades, e uma multa adicional de 300 milhões de dólares que pode ser imposta.

Como parte do acordo, a ZTE, sediada em Shenzhen, prometeu demitir quatro funcionários e impor sanção disciplinar a outros 35, seja reduzindo seus bônus ou repreendendo-os, disseram à Reuters funcionários do alto escalão do Departamento de Comércio. Mas a empresa chinesa admitiu em março que, embora tenha demitido os quatro funcionários, não havia tomado nenhuma ação disciplinar nem reduzido os bônus dos outros 35.

A ZTE "forneceu informações ..., basicamente, admitindo que eles haviam feito essas declarações falsas", disse um alto funcionário do departamento. "Isso foi em resposta ao pedido de informações dos EUA", afirmou.

"Não podemos confiar que o que eles estão nos dizendo é verdade", disse o funcionário. "E no comércio internacional, a verdade é muito importante."

Os funcionários da ZTE não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

Douglas Jacobson, um advogado de controle de exportações que representa fornecedores da ZTE, classificou a proibição como algo incomum e disse que afetaria seriamente a empresa.

"Isso será devastador para a empresa, dada sua dependência de produtos e software dos EUA", disse Jacobson. "Certamente tornará muito difícil para eles produzirem e pode gerar um impacto negativo de curto e longo prazo potencialmente significativo na empresa. Isso vai derrubar suas ações", acrescentou Jacobson.

A ZTE vende aparelhos celulares para as operadoras de telefonia móvel dos EUA AT&T Inc, T-Mobile e Sprint Corp. A chinesa depende de componentes de empresas dos EUA, incluindo a Qualcomm Inc, a Microsoft Corp e a Intel Corp.

A ação dos EUA contra a ZTE provavelmente exacerbará as atuais tensões entre Washington e Pequim sobre o comércio. Depois que os EUA impuseram restrições às exportações da ZTE em 2016 por violar sanções contra o Irã, o Ministério do Comércio e Ministério das Relações Exteriores da China criticou a decisão.

Uma investigação federal de cinco anos descobriu no ano passado que a ZTE havia conspirado para escapar dos embargos dos EUA comprando componentes dos EUA, incorporando-os em equipamentos da ZTE e enviando-os ilegalmente para o Irã.

A ZTE, que elaborou esquemas elaborados para ocultar a atividade ilegal, concordou em se declarar culpada depois que o Departamento de Comércio tomou medidas que ameaçavam cortar sua cadeia de fornecimento global.

O governo dos EUA permitiu que a empresa continuasse acessando o mercado dos EUA sob o acordo de 2017. Estima-se que as empresas norte-americanas forneçam de 25 a 30 por cento dos componentes usados nos dispositivos da ZTE, incluindo equipamentos de rede e smartphones.

A investigação do governo dos EUA sobre violações de sanções pela ZTE veio na esteira de reportagem da Reuters em 2012 mostrando que a empresa tinha assinado contratos para enviar milhões de dólares em hardware e software de algumas das mais conhecidas empresas de tecnologia dos EUA para a maior operadora de telecomunicações do Irã.

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