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Empresas de telecomunicações começam a fechar VPNs na China

20 jul 2017 - 11h54
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Uma operadora chinesa de telecomunicações disse que começou a fechar redes privadas virtuais (VPNs) e outras ferramentas que podem contornar a grande barreira de proteção --Great Firewall-- que as autoridades estatais usam para filtrar e bloquear o tráfego entre servidores chineses e estrangeiros.

Um porta-voz da Guangzhou Huoyun Information Technology, que opera em cerca de 20 cidades em toda a China, disse à Reuters que a empresa recebeu uma diretriz das autoridades para começar a bloquear os serviços a partir do meio-dia de terça-feira.

Enquanto o Great Firewall bloqueia o acesso a sites estrangeiros, como um controle de fronteira, as empresas de telecomunicações podem filtrar e censurar o acesso online em um nível mais granular, nas casas e nos smartphones.

"As empresas de telecomunicações têm métodos à sua disposição que o Great Firewall pode não ter", disse Philip Molter, diretor de tecnologia da Golden Frog, que opera a VyprVPN, uma popular VPN na China. "Porque esses roteadores lidam com muito menos tráfego, eles podem bloquear de forma mais agressiva usando métodos com mais recursos."

As empresas de telecomunicações assumiram seus novos papéis de filtragem com base em uma lei introduzida em janeiro, e que deve começar a vigorar plenamente em março. Os especialistas dizem que isso pode levar a ataques cada vez mais específicos em VPNs, uma das poucas ferramentas que os chineses podem usar para acessar os serviços de internet no exterior.

Um membro do site anticensura baseado na China GreatFire.org, que usa o pseudônimo de Charlie Smith, disse que as autoridades estavam transferindo a responsabilidade para as empresas de telecomunicações.

"Este é um passo importante para fechar qualquer janela que ainda tenha sido deixada aberta", disse ele.

Essas últimas ações vêm depois que dezenas de populares VPNs baseadas na China foram fechadas nas últimas semanas e de ataques contínuos contra VPNs no exterior.

Esta semana, os usuários também relataram bloqueios parciais e atrasos no aplicativo de mensagens criptografadas WhatsApp, a mais recente ferramenta de mídia social ocidental a ser atingida. E os pesquisadores descobriram que as mensagens relacionadas a Liu Xiaobo, dissidente e prêmio Nobel que morreu de câncer sob custódia na semana passada, desapareceram de aplicativos de mensagens locais.

Os serviços de VPN dizem que estão se preparando para novos bloqueios antes da realização do próximo Congresso do Partido Comunista.

O presidente Xi Jinping, que supervisionou o aumento dos controles do espaço cibernético da China, incluindo regras de vigilância de dados e de censura difíceis, deve consolidar seu poder no Congresso, que acontece a cada cinco anos.

A regulamentação de janeiro torna provedores de telecomunicações e outros de serviços de Internet (ISPs) responsáveis pela filtragem e bloqueio de ferramentas de rede ilegais, de acordo com o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação (MIIT).

Além das VPNs, os especialistas dizem que as empresas de telecomunicações podem potencialmente abrir uma variedade de serviços e até impedir que aplicativos móveis sejam instalados.

"Grande parte do uso que vemos da China é através de dispositivos móveis, então as limitações desse tipo de funcionalidade atingiriam um grande número de chineses", disse Molter do Golden Frog.

No entanto, apesar dos planos ambiciosos, as autoridades provavelmente terão dificuldade em colocar as salvaguardas necessárias para paralisar VPNs estrangeiras em março, segundo especialistas.

"Há um jogo contínuo de gato e rato entre a China e as VPNs ... estamos otimistas de que as VPNs continuarão a ser acessíveis na China no futuro previsível", disse um porta-voz da ExpressVPN, observando que o número de usuários continua crescendo na China.

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