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Em Pequim, nenhum atendente sabia usar o cartão de crédito

Deduzi que tinha entrado em um lugar mais moderno no país de Mao. Engano.

14 jul 2019 - 05h12
(atualizado em 15/7/2019 às 17h21)
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Foi só pisar na China para eu perceber que meu cartão de crédito poderia ter um papel bem mais relevante do que bancar minha conta de hotel ou de um restaurante. A surpresa chegou com a minha primeira refeição. Logo percebi que nenhum atendente, mesmo os poucos que arranham algo em inglês, fazia ideia de como usar aquele objeto de plástico com chip e tarja magnética que eu carregava na carteira.

Deduzi que tinha entrado em um lugar mais moderno no país de Mao. Engano. Nos dias seguintes, vi que, até mesmo naqueles restaurantes que exibem uma maquininha sobre o balcão, ninguém mais parece saber ao certo como operá-la. Tudo é pelo celular.

Enquanto turistas desavisados como eu aguardavam o pagamento na maquininha ou se esforçavam para contar as notas do dinheiro asiático, a fila de pagamento pelos consumidores chineses seguia sem parar. Munidos com seus smartphones, jovens, idosos, crianças - sempre muitos deles, afinal, é a China - apenas miravam as câmeras para os códigos espalhados nas paredes, mesas e nas ainda existentes contas de papel. Tudo pago, em dois ou três segundos.

Nos pontos turísticos, a vantagem competitiva de quem já usa a tecnologia é ainda mais gritante. Enquanto via os chineses apenas fotografando os códigos exibidos em grandes outdoors na frente dos palácios e museus, eu dividia as filas arcaicas com os estrangeiros, para chegar até o balcão de uma bilheteria.

Táxis, máquinas de bebidas e lanches, barraquinhas de rua, lojas de luxo, templos budistas e, claro, bicicletas e patinetes que já viraram mania funcionam hoje na base do click com o telefone. "Até os mendigos aceitam", me disse um guia. Tentei encontrar algum. Mas não se vê muitos pedintes pelas ruas de Pequim.

*É REPÓRTER DO ESTADÃO

Estadão
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