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Em meio a crise, SoftBank assume controle de 80% do WeWork

Grupo japonês vai investir mais de US$ 8 bilhões para comprar ações da empresa de escritórios compartilhados, que caiu em descrédito no mercado com números e governança ruins

23 out 2019 - 17h32
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O grupo japonês SoftBank anunciou nesta quarta-feira, 23, que conseguiu um acordo para assumir o controle da startup de escritórios compartilhados WeWork. Em comunicado divulgado à imprensa, o conglomerado vai investir US$ 8 bilhões em ações da empresa criada por Adam Neumann - US$ 5 bilhões serão em investimentos diretos, enquanto outros US$ 3 bilhões serão usados para comprar ações de acionistas atuais. Após o fim das negociações, a fatia do SoftBank no WeWork será de aproximadamente 80%.

"O SoftBank segue acreditando que o mundo está sob uma transformação maciça na forma como as pessoas trabalham. A visão não muda, mas o SoftBank decidiu redobrar esforços para apoiar a operação do WeWork. Estamos comprometidos", disse Masayoshi Son, presidente executivo do SoftBank, em comunicado divulgado à imprensa. Diretor de operações da japonesa, o boliviano-americano Marcelo Claure assumirá como presidente do conselho da startup - o executivo também lidera o fundo latinoamericano da japonesa, que tem despejado bilhões de dólares em startups brasileiras.

Assumir o controle do WeWork é uma tática do SoftBank para tentar salvar um de seus principais investimentos. Nos últimos anos, os japoneses, principalmente por meio do bilionário Vision Fund, despejaram dinheiro no WeWork, à espera de obter retornos com a abertura de capital da empresa de escritórios compartilhados. Era para isso ter ocorrido neste ano, mas ao revelar seus números financeiros para potenciais investidores, o WeWork caiu em descrédito.

Nos documentos, a empresa demonstrou alto prejuízo, um modelo de negócios pouco provado e práticas de governança questionáveis, como o fato de que o WeWork pagava aluguel para prédios de posse do próprio Adam Neumann. A crise de confiança provocou a saída de Neumann do cargo de presidente executivo e presidente do conselho, no último mês, e fez a avaliação do WeWork cair de US$ 47 bilhões para cerca de US$ 8 bilhões no mercado privado. No final das contas, o WeWork acabou cancelando a abertura de capital.

Nesta nova fase do WeWork, Neumann terá um papel limitado: ele será apenas um "observador do conselho", não tendo mais poder de voto. Segundo o jornal americano Wall Street Journal, o executivo receberá em torno de US$ 1,7 bilhões em troca de seus direitos de voto e do acordo para deixar o cargo de presidente do conselho. No lugar de presidente executivo, ficará a dupla Artie Minson e Sebastian Gunningham, que assumiram o posto de Neumann em setembro. Desde a saída do executivo, a empresa tem trabalhado para cortar custos e explorar a venda de vários negócios, como a WeGrow, sua divisão de negócios em educação.

Com os novos recursos do SoftBank, o WeWork também poderá finalmente começar a demitir empregados - segundo informaram à imprensa americana fontes próximas da empresa, a startup não tinha fundos nos últimos dias para iniciar cortes. Segundo o jornal inglês The Guardian, cerca de 2 mil pessoas serão demitidas em todo o mundo - o equivalente a 13% do corpo global de funcionários da companhia.

Estadão
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