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Irmão mais velho da internet, Minitel "morrerá" neste sábado

28 jun 2012 - 17h15
(atualizado às 20h10)
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Nem todo mundo sabe, mas antes da popularização da internet, a França utilizava um sistema de comunicação com algumas características semelhantes, chamado Minitel. Utilizado a partir dos anos 1980 pelos franceses para os mais diversos fins - desde reservar passagens aéreas até acessar conteúdos eróticos - o serviço foi caindo em desuso com o tempo, e será desconectado definitivamente no próximo sábado.

O sistema de comunicação francês, que já foi orgulho para este povo, praticamente caiu em desuso e será definitivamente desconectado no final de semana
O sistema de comunicação francês, que já foi orgulho para este povo, praticamente caiu em desuso e será definitivamente desconectado no final de semana
Foto: Wikimedia Commons / Reprodução

O sistema funcionava através de aparelhos dotados de monitores, que eram acoplados a telefones, e já foi motivo de orgulho para os franceses, pois antes da internet as pessoas não dispunham de nada parecido com o Minitel.

"Hoje um padeiro de Aunervilliers sabe perfeitamente como verificar sua conta bancária no Minitel. Podemos dizer o mesmo de um padeiro de Nova Iorque?", falou o então presidente Jacques Chirac, em 1997, quando o serviço ainda era bastante popular e aparentava ter uma longa sobrevida. Naquela época, havia nove milhões de aparelhos Minitel distribuídos em lares franceses, cerca de 25 milhões de usuários do sistema e 26 mil serviços disponíveis.

"Além de ser um projeto tecnológico, era também político", lembra Karin Lefevre, da France Telecom, sobre o Minitel, que foi criado no final da década de 1970, durante a presidência de Valery Giscard d'Estaing. "O objetivo era informatizar a sociedade francesa para garantir a independência tecnológica da França", explica Lefevre.

O sistema começou a ser operado na região da Bretanha e se expandiu nacionalmente em 1982. Pouco tempo depois, o crescimento na oferta de serviços via Minitel era evidente: resultados de exames, testes acadêmicos, acesso a informações de organizações públicas, entre vários outros. Tudo o que os usuários precisavam fazer era marcar um número no teclado e seguir as instruções.

Apesar de mesmo as famílias mais pobres terem tido acesso ao Minitel durante seu período de operação, o sistema sempre teve interesses comerciais suspeitos, fossem em prol da política ou da imprensa. O Minitel nunca foi uma plataforma aberta, e só oferecia serviços próprios.

Mesmo que já tenha sido motivo de orgulho, hoje há quem veja o Minitel como uma vergonha para a França, pois este foi se tornando antiquado. Além disso, o sistema nunca se expandiu para outros países, com exceção da Bélgica.

"As pessoas esquecem que muitas idéias que ajudaram a moldar a internet foram testadas pela primeira vez com o Minitel. Pense no sistema de pagamento, não tão diferente do que hoje se usa na Apple App Store. E os fóruns com conteúdos gerados pelos usuários. Muitos dos atuais empreendedores da internet afiaram seus dentes com o Minitel", diz Valerie Schafer, coautora de um livro que aborda o fracasso do sistema.

"O mundo não começou com a internet", frisa ela, às vésperas do "funeral" do Minitel.

Fonte: Terra
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