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Empresas travam batalha high-tech por mercado de óculos 3D

28 dez 2009 - 16h13
(atualizado às 16h57)
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Enquantos os Na'vi azuis da tela atiram flechas em direção ao público no filme "Avatar" em 3D, outra batalha está acontecendo nas salas de cinema - entre as produtoras dos óculos que os espectadores precisam usar para ver os efeitos tridimensionais.

Os óculos 3D da XpanD custam até US$ 50
Os óculos 3D da XpanD custam até US$ 50
Foto: The New York Times

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Quatro companhias estão brigando para colocar sobre o nariz dos espectadores óculos com três tecnologias diferentes. Todos são mais avançados do que os óculos de papel usados para assistir a "Bwana Devil", considerado o primeiro filme 3D comercial nos anos 1950, mas funcionam sob o mesmo princípio geral. Cada olho enxerga um quadro ligeiramente diferente do filme, mas o cérebro une as imagens e dá a percepção de profundidade.

Cerca de quatro milhões de óculos fabricados pela RealD, a líder de mercado, foram usados durante o fim de semana de estreia de Avatar nos Estados Unidos. Os óculos da RealD usam lentes polarizadas e custam cerca de 65 centavos de dólar cada. A MasterImage 3D, outra fornecedora, usa uma tecnologia similar.

A Dolby Laboratories, a companhia que produz sistemas de som para salas de cinema, fabrica óculos que filtram diferentes frequências de vermelho, verde e azul. Eles custam cerca de US$ 28 cada. Os óculos da terceira companhia, a XpanD, usam persianas de LCD à bateria que abrem e fecham para que cada olho veja o quadro apropriado do filme. Eles podem chegar a custar até US$ 50 cada.

Todas as companhias alegam que seus óculos e tecnologia de sistema de projeção são os melhores. Como os óculos que usam uma determinada tecnologia não podem ser usados em uma sala de cinema com um sistema de projeção digital diferente, as companhias por trás das três tecnologias estão lutando para ganhar vantagem enquanto o setor 3D ainda está dando os primeiros passos.

James Cameron, diretor de "Avatar", costuma ser o principal instrumento de marketing do setor. Ele apoiou a RealD, disse a companhia, que tem cerca de cinco mil telas de cinema utilizando seu sistema. Mas ele, sua esposa e seu parceiro de produção foram fotografados na estreia do filme no Japão usando óculos XpanD, que funcionam em duas mil telas de cinema ao redor do mundo.

A Dolby afirma que seus óculos funcionam em 2,2 mil telas de cinema, mas não possui relação com Cameron. Ao invés disso, a companhia aponta que um defeito no sistema da RealD estragou a pré-estreia do filme para a imprensa.

A briga sobre quais óculos os clientes estão usando é importante porque os cinemas estão convencidos de que o 3D, embora hoje pareça apenas um artifício de propaganda, irá atrair os entusiastas de filmes, fazendo-os sair da frente de suas TVs de alta definição em casa e ir para o cinema. Maria Costeira, chefe-executiva da XpanD, acredita que o céu é o limite: "No futuro, também vamos ver filmes 3D em aviões."

A briga sobre os óculos pode muito bem se intensificar, pois os fabricantes de TV estão empurrando televisores 3D para as residências como uma maneira de aumentar suas vendas de aparelhos mais caros. Apesar do marketing, quando o assunto é escolher um sistema 3D, muitos cinemas tomam a decisão com base em um fator: eles querem mesmo estar tanto no setor de limpeza quanto no de cinema?

Os óculos caros da Dolby e da XpanD podem ser colocados no lava-louças depois de usados, em vez de jogados no lixo. Ambas as companhias recomendam que os donos de cinema limpem os óculos em uma máquina industrial. (Para prevenir furtos, os óculos da Dolby e da XpanD também contêm dispositivos antirroubo que podem ser ativados por sensores nas saídas das salas.)

A XpanD oferece às suas salas de cinema parceiras lenços descartáveis que podem ser distribuídos aos clientes quando eles adquirem os ingressos, para garantir que os óculos não tenham germes.

A RealD, cujos óculos descartáveis e baratos estão sendo vistos como um risco, tem lidado com preocupações de higiene. Donos de cinemas são incentivados a devolver os óculos usados à companhia, que irá limpá-los, consertá-los e embalá-los para outros cinemas.

Mas em meio a toda a discussão sobre as vantagens de cada produto e qual sistema é realmente o preferido de Cameron, a pergunta mais importante continua sem resposta: será que existe um sistema que cria uma imagem 3D melhor do que os outros?

"Não acho que os espectadores consigam perceber a diferença", disse Joe Miraglia, diretor de design, construção e instalações da ArcLight Cinemas, uma rede de cinemas de luxo com sede em Hollywood. A rede de cinemas usa cada sistema em uma ou mais salas e constata que o custo da operação é em geral o mesmo para todos.

Embora Miraglia use o RealD em várias salas de cinema, ele escolheu os óculos LCD da XpanD para a grande tela curva da Cinerama Dome, a sala de cinema modelo da companhia, em Sunset Boulevard. O sistema é similar à tecnologia que será usada pela Panasonic, Sony e outros quando colocarem no mercado a TV 3D de alta definição ano que vem. Recentemente, fabricantes de eletrônicos estabeleceram padrões para a criação de discos e players Blu-ray 3D.

Mas para tornar o uso de óculos 3D tão comuns quanto o consumo de pipoca, os fabricantes precisam de ajuda na área de design. Muitos óculos 3D lembram os óculos de sol usados pelos aposentados do cinturão do sol nos EUA, um visual que não é atraente para os jovens frequentadores de cinema.

A RealD e a XpanD esperam que o 3D se torne em breve um visual da moda. Além de seus óculos de filme padrão, a RealD está introduzindo versões infantis, bem como óculos 3D estilosos que as pessoas podem usar sem constrangimento no mundo tridimensional real como se fossem óculos de sol ou de grau.

Costeira, da XpanD, acredita que designs personalizados que possam ser usados em TVs 3D de alta definição e videogames poderiam se tornar algo importante. "Estilosos, finos e leves, os óculos 3D vão se tornar seu novo iPod", ela disse.

Tradução: Amy Traduções

The New York Times
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