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Congressistas dos EUA pressionam Facebook por compartilhamento de dados com empresas chinesas

6 jun 2018 - 12h22
(atualizado às 15h04)
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Dois importantes congressistas dos Estados Unidos criticaram nesta quarta-feira o Facebook por não ser mais transparente no compartilhamento de dados, depois que a empresa de mídia social disse ter colaborado com pelo menos quatro empresas chinesas, incluindo uma fabricante de smartphones, o que gerou preocupações de segurança nos EUA.

REUTERS/Dado Ruvic/Illustration
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Foto: Reuters

Os principais membros republicano e democrata do Comitê de Energia e Comércio da Câmara dos Deputados disseram que o presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, deveria ter revelado essas parcerias quando ele prestou esclarecimento ao Congresso em abril.

"Claramente, as parcerias da empresa com companhias de tecnologia chinesas e outras deveriam ter sido divulgadas ao Congresso e ao povo norte-americano", disseram em comunicado o presidente do comitê, o republicano Greg Walden, e o democrata Frank Pallone.

"Nós incentivamos fortemente a total transparência do Facebook e de toda a comunidade de tecnologia", escreveram eles.

Na terça-feira, o Facebook disse que a Huawei, a fabricante de computadores Lenovo e as produtoras de smartphone OPPO e TCL estavam entre cerca de 60 empresas no mundo que receberam acesso a alguns dados de usuários, após assinarem contratos para recriarem experiências como as do Facebook para seus usuários.

A Huawei, terceira maior fabricante de smartphones do mundo, está sendo investigada por agências de inteligência norte-americanas que argumentam que as empresas de telecomunicações chinesas oferecem uma oportunidade para espionagem estrangeira e ameaçam infraestruturas críticas dos EUA, algo que os chineses vem constantemente negando.

O Facebook disse na terça-feira que vai encerrar o acordo com a Huawei ainda esta semana e que está encerrando também outras três parcerias com empresas chinesas. Além disso, disse que mais 50 por cento das parcerias já foram desfeitas.

Uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China não fez comentários sobre os acordos das empresas.

Membros do Congresso mostraram-se preocupados após o The New York Times reportar domingo sobre a prática, dizendo que dados de amigos de usuários poderiam ter sido acessados sem o consentimento explícito deles. O Facebook negou a informação e disse que o acesso a dados era para permitir que seus usuários acessassem características das contas em dispositivos móveis.

O senador Mark Warner, vice-presidente do Comitê de Inteligência, e que perguntou ao Facebook se a Huawei estava entre as empresas que receberam dados de usuários, disse em um comunicado que o Comitê de Inteligência do Congresso tinha levantado preocupações sobre a Huawei já em 2012.

"A notícia de que o Facebook forneceu acesso privilegiado ao API do Facebook a fabricantes de dispositivos como Huawei e TCL levanta preocupações legítimas e eu espero ansiosamente para saber mais sobre como o Facebook garantiu que informações sobre seus usuários não foram enviadas para servidores chineses", disse Warner.

API, a sigla em inglês para interface de programação de aplicações, essencialmente especifica como componentes do software deveriam interagir.

Um executivo do Facebook disse que a empresa administrou com cuidado o acesso dado a empresas chinesas.

"O Facebook, assim como muitas outras empresas de tecnologia dos EUA, tem trabalhado com elas e com outras fabricantes chinesas para integrar seus serviços nesses telefones", disse Francisco Varela, vice-presidente de parcerias móveis do Facebook, em comunicado. "As integrações do Facebook com Huawei, Lenovo, OPPO e TCL foram controladas desde o início - e nós aprovamos as experiências com o Facebook que essas empresas desenvolveram."

Varela acrescentou que "dado o interesse do Congresso, nós quisemos deixar claro que todas as informações dessas integrações com Huawei estão armazenadas no dispositivo, não nos servidores da Huawei".

Falando em Pequim, a porta-voz do Ministério de Relações Exterior da China, Hua Chunying, disse que não comentaria sobre a cooperação entre empresas e que não sabia nada sobre a situação.

"Mas nós esperamos que o lado dos EUA possa fornecer um ambiente transparente, aberto e amigável para o investimento de empresas chinesas e atividades operacionais", disse Hua a jornalistas.

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