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Com 5G perto do mercado, CES debate próxima geração de internet

Prevista para chegar ao mercado em algumas cidades dos EUA este ano, 5G permitirá avanços como carro autônomo; em Las Vegas, executivos já discutirem como será o 6G, que obedecerá à física quântica

12 jan 2019 - 05h11
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Em quase todas as conferências de imprensa da CES 2019, uma palavra foi onipresente: 5G -- apelido dado à conexão móvel de quinta geração, sucessora do 4G. Prevista para começar a funcionar em algumas cidades dos Estados Unidos este ano, graças a operadoras como AT&T e Verizon, a tecnologia não apenas vai fornecer velocidades superiores (1 gigabit por segundo, dez vezes mais que os 100 megabits por segundo do 4G). Ela também permitirá avanços como a internet das coisas, casa conectada e carro autônomo, por conta de propriedades como baixo gasto de energia e baixa latência -- isto é, tempo de resposta rápido para a transmissão de pacotes de dados, vital para a segurança de um veículo sem motorista, por exemplo.

Para quem espera avanços significativos esse ano, porém, é melhor deixar as expectativas de lado: isso porque, mesmo nos EUA, o 5G estará disponível em alguns poucos bairros das grandes cidades. A previsão de analistas é que a cobertura só se torne eficiente daqui a um ou dois anos.

Em Las Vegas, o 5G virou sinônimo de "resposta mágica a todos os problemas" -- para as fabricantes de eletrônicos, será com ajuda dessa nova tecnologia que os dispositivos da casa conectada, como geladeiras, máquinas de lavar, lâmpadas e sensores, conseguirão se comunicar de forma eficiente. Já as operadoras fizeram um jogo de empurra-empurra, cada uma dizendo que tem uma tecnologia mais eficiente e argumentando que a outra vai "enganar os consumidores".

Mesmo assim, as discussões para o futuro não deixaram de acontecer. Há até, quem, inclusive, já esteja planejando como será o 6G, sistema de conexão que pode, daqui a mais ou menos uma década, substituir a tecnologia que chega agora.

Quântico. Em um debate realizado nesta semana, executivos de empresas como Cisco, que fabrica infraestrutura para telecomunicações, e Boingo, que opera redes Wi-Fi em aeroportos e estádios, discutiram que o 6G poderá ser o primeiro passo de uma internet quântica. Explica-se: hoje, computadores e rede funcionam à base do sistema binário de comunicação -- isto é, cada transistor ou pacote de dados processa um bit, unidade de informação que pode ser "0 ou 1", "sim ou não".

No entanto, com o avanço da tecnologia, os transistores presentes em processadores ficam cada vez menores, atingindo 10 nanômetros (a espessura de um fio de cabelo) ou menos. A redução, necessária para aumentar a capacidade de processamento ao longo do tempo, pode acarretar em breve uma consequência física: os transistores pararem de funcionar; de tão pequenos, deixam de obedecer às leis da física tradicional e passam a operar de modo quântico -- podendo ser, ao mesmo tempo, "0", "1" ou qualquer valor no meio do caminho. A internet, por sua vez, terá de se adequar às novas regras.

"Precisaremos repensar a internet como ela existe hoje", disse Derek Peterson, diretor de tecnologia da Boingo, durante o debate. Isso porque os protocolos de transferência de dados, válidos na internet desde os anos 1960, precisarão ser reescritos. "Com isso, também temos a oportunidade de fazer códigos mais seguros e privados, um dos principais problemas da internet atual", comentou Michael Beasley, diretor de tecnologia da Cisco, jogando luz sobre escândalos recentes de grandes empresas, como Facebook, Yahoo e a rede de hotéis Marriott, por exemplo.

"É uma tecnologia que ainda está longe, mas precisamos nos preocupar desde cedo para evitar que outros escândalos aconteçam", destacou a jornalista Ina Fried, do portal americano Axios, responsável por moderar o debate. Além de propor uma solução com maior proteção de dados dos usuários, os participantes da discussão também levantaram aspectos técnicos do 6G -- como a rapidez para sua transmissão de dados.

"Se precisamos do 5G para fazer um carro autônomo andar, precisaremos do 6G para conversar com uma espaçonave que vai a Marte", destacou Peterson, da Boingo. "É melhor Elon Musk se preocupar com isso também", brincou o executivo, fazendo referência ao empreendedor de Tesla e Space X, que pretende levar uma missão tripulada ao Planeta Vermelho nos próximos anos.

* O repórter viajou a convite da Intel.

Estadão
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