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Por que todo mundo voltou a investir em viagens para a lua?

20 nov 2017 - 14h54
(atualizado em 21/11/2017 às 14h14)
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Neste ano fomos surpreendidos por várias iniciativas vindas de diversos países com o mesmo intuito: voltar a enviar astronautas para a lua. Por mais que isso nos faça lembrar dos ainda recentes horrores causados pela corrida espacial que a Guerra Fria nos trouxe, o interesse lunar parece apontar para nenhuma guerra mundial estourando na atualidade.  

A NASA deu início a parcerias com empresas privadas em busca de verbas para exploração espacial. A SpaceX, de Elon Musk e a Orbital ATK, estão enviando recursos à NASA e estima-se que as parcerias já somem quantias superiores a bilhões de dólares. As parcerias com empresas privadas da NASA animou a Rússia a entrar na competição e retomar seus experimentos, fazendo 17 lançamentos bem sucedidos em 2017 e prometendo ainda mais para o ano que vem.

A China, por sua vez, vem investindo em programas espaciais desde 1956 e, em 2013, transmitiu abertamente ao público através de redes sociais todos as operações de seu rover Yutu. Neste ano, o foguete chinês Long March 5 teve um teste de lançamento sem tripulação que não foi bem sucedido, mas o governo chinês, embora não tenha datas para um novo teste de lançamento com tripulação em direção à Lua, segue animado e investindo no programa espacial. 

O foguete chinês Long March-5
O foguete chinês Long March-5
Foto: Canaltech

Além desses países, outras nações também anunciaram publicamente seus investimentos e interesses em mandar astronautas para a Lua, como a Índia, o Japão, e vários países da Europa, assim como as Coreias do Norte e do Sul.

Mas por que a Lua?

1) Programas espaciais aceleram as ciências como um todo

Uma das razões mais óbvias é a inovação científica que os programas espaciais geram. Desde 1972, ninguém mais colocou os pés na superfície do nosso satélite natural, e a retomada dos projetos forçará crescimento científico em diversas áreas. Esse boost científico será enriquecedor principalmente para nações em desenvolvimento como a Índia, a China e a Rússia. Nações já desenvolvidas, como os países europeus e os EUA, frente às novas concorrentes, terão que se esforçar mais para não perderem o destaque.

2) Programas espaciais causam competição entre países, mas também cooperação entre eles

A sonda indiana Chandrayaan-1 uniu várias nações
A sonda indiana Chandrayaan-1 uniu várias nações
Foto: Canaltech

Parece paradoxal, mas a competição pela exploração lunar acaba contribuindo para manter a paz devido às associações entre nações em nome da curiosidade e do saber científico.

É o caso da sonda lunar Chandrayaan-1, enviada ao espaço pela Índia em 2008, que levou consigo equipamentos dos EUA, Bulgária, Alemanha, Reino Unido e Suécia até a lua. Tal energia de cooperação talvez se mantenha por não ser possível a nenhum país se declarar como dono da Lua, desde o acordo feito em 1967.

Outro elemento que contribui para a harmonia geral entre as nações é a criação de empregos na área das ciências, que também reflete em melhorias na educação científica dos países, conferindo às suas populações mais qualidade de vida e acesso ao conhecimento.

3) Chegar à Lua é relativamente fácil e seguro

Por ser um destino razoavelmente próximo da Terra, com menos de 390 mil quilômetros de distância, é mais fácil ter uma missão bem sucedida de envio de tripulação à Lua que a outros corpos celestes.

Por exemplo, a comunicação entre a tripulação a bordo e a equipe terrestre pode ser feita através de rádio com muita rapidez: leva apenas 2 segundos para uma mensagem emitida chegar ao outro extremo. Se o destino fosse Marte, a demora na entrega das mensagens seria de cerca de uma hora.

Outras facilidades que mantêm a Lua como principal destino dos programas espaciais são a baixa ação da gravidade e a falta de uma atmosfera própria.

Em um contexto onde uma parte significativa do financiamento dos programas espaciais tem origem em empresas privadas americanas, é um fator considerável que as missões tenham grandes probabilidades de êxito, pois as empresas desejam divulgar seus investimentos como bem sucedidos para chamar a atenção do mercado.

4) Miramos a Lua, mas acertamos outras descobertas no processo

Não é apenas uma viagem à Lua: é o contato com um ambiente que ainda conhecemos muito pouco. Então é comum que, a cada viagem lunar, voltemos com mais informações.

A já citada sonda Chandrayaan-1 da Índia, bem como a cosmonave Selene do Japão, encontraram informações sobre a composição mineral que compõe o solo lunar, trazendo ao público que há gelo e componentes orgânicos lá, sendo estes dois elementos que são conectados à presença de vida em outros ambientes que não a Terra.

Mas, para além da nossa empolgação com a possibilidade de colonização de outros astros, gelo e matéria orgânica também podem ser animadores por seu poder de resolver um problema atual que limita as operações lunares com tripulação: os altos custos para enviar água ao espaço para provimento dos astronautas a bordo.

5) A verdade sobre aqui dentro está lá fora

O astronauta Edwin Aldrin em julho de 1969
O astronauta Edwin Aldrin em julho de 1969
Foto: Canaltech

Antes do envio de astronautas para fora do globo terrestre, pensávamos que os corpos planetares eram um amontoado de poeira cósmica que, ao longo de um período de tempo impensável, ia se aglomerando até formar uma rocha do tamanho de um planeta.

Com a coleta de materiais do solo da Lua trazidas pela Apollo, essa concepção foi abandonada de forma abrupta. Através da análise percebemos que o satélite pode ter se gerado após a colisão de planetas do tamanho de Marte, desbancando a hipótese de aglomeração de matéria. Portanto, com novas viagens à Lua, espera-se que muitas outras hipóteses sobre o comportamento dos corpos celestes sejam testadas.

Canaltech Canaltech
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