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Links relacionados podem ser arma do YouTube contra teorias da conspiração

14 mar 2018 - 10h36
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Durante palestra no festival de tecnologia SXSW, que acontece nos Estados Unidos, a CEO do YouTube, Susan Wojcicki, apresentou o que deve ser o grande ataque da plataforma contra os teóricos da conspiração: a inclusão de links de sites de notícias ou artigos da Wikipedia em vídeos que contenham informações falsas, alarmistas ou que usem indícios para contradizer teorias comprovadas.

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Foto: divulgação / Canaltech

Em um exemplo exibido no palco de sua apresentação, a executiva demonstrou como os usuários poderiam ser levados à página sobre pousos da Lua na enciclopédia livre a partir de um vídeo que tenta derrubar a ideia de que o homem esteve no satélite. A ideia, segundo Wojcicki, seria dar mais contexto às afirmações ditas nos vídeos, além de, em alguns casos, derrubá-las com o uso de dados comprovados e pesquisas científicas.

Esse, entretanto, foi o máximo de clareza a que chegou a CEO do YouTube, que manteve uma postura estranhamente conservadora quanto às fake news. A ideia, de acordo com a executiva, é que os links para tais artigos apareçam somente em teorias da conspiração e conteúdos do tipo. Por outro lado, a noção é de que o site de vídeos não seria capaz de decidir o que é verdade ou mentira.

A Wikipedia, entretanto, não será o único veículo listado. De acordo com Wojcicki, o material exibido também será oriundo de empresas jornalísticas, cuja relevância será avaliada a partir de prêmios recebidos e quantidade de tráfego. A ideia é colocar a função, que ainda está em desenvolvimento, para funcionar nos próximos meses.

Foram afirmações bastante criticadas pela imprensa americana, principalmente por uma noção de que elas vão contra, justamente, o propósito dos links relacionados. Wojcicki citou como um exemplo os teóricos que acreditam que a Terra é plana - ao mesmo tempo em que o recurso serviria para derrubar esse tipo de noção, a executiva afirmou, logo na sequência, que não é papel do YouTube determinar o que as pessoas pensam.

Pelo contrário, a ideia, aqui, seria combater conteúdo "odioso" e equivocado - esse, sim, mais fácil de ser determinado do que os verdadeiros ou mentirosos. A CEO da plataforma disse que o site se encontra diante de uma questão bastante complexa, que ainda está sendo estudada em busca de diferentes abordagens.

Além disso, houve negatividade quanto ao aspecto genérico do conteúdo indicado aos espectadores. Ao contrapor a teoria de que o homem nunca foi à Lua, por exemplo, foi indicado o artigo sobre pousos no satélite, que menciona teorias da conspiração apenas brevemente e não destaca as missões realizadas pela NASA. Assim, o usuário poderia acabar mais propenso a acreditar em um vídeo, muito mais palatável do que a parede de texto indicada.

Ainda, o YouTube foi criticado por não atacar o que seria o "real" problema: a manipulação de seu algoritmo por parte, justamente, de conteúdos conspiratórios ou discursos de ódio. Na onda de pesquisas sobre temas correntes, muitos criadores de conteúdo acumulam visualizações rapidamente com base em informações, no mínimo, duvidosas, com o sistema da plataforma os privilegiando cada vez mais justamente por conta da audiência.

Questões desse tipo, entretanto, esbarram também em tópicos políticos e de alinhamento. Como dá para imaginar, ao tentar escapar de declarações espinhosas, Wojcicki também não entrou nesse assunto, afirmando apenas que a ideia, daqui em diante, é garantir que os usuários tenham mais contexto sobre o que estão assistindo e busquem mais fontes de informação do que apenas os vídeos de um determinado criador.

Canaltech Canaltech
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