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Governo americano pode fazer Broadcom adiar compra da Qualcomm

8 mar 2018 - 10h42
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A compra da Qualcomm pela Broadcom pode cair por terra temporariamente pela força de um agente externo extremamente poderoso: o governo dos EUA. Em relatório, o Comitê de Investimentos Estrangeiros nos Estados Unidos, que é um dos braços do Departamento do Tesouro do país, exibiu preocupações quanto à forma de atuação da multinacional, principalmente relacionadas à segurança nacional e ao enxugamento de investimentos em pesquisa, que é uma das marcas de sua atuação.

Broadcom
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Foto: Canaltech

Em carta encaminhada aos advogados da possível compradora na última semana, o governo aponta um temor em relação ao enfraquecimento de uma das principais fabricantes americanas de chips, a Qualcomm, uma vez que ela esteja em mãos internacionais. A Broadcom nasceu nos EUA, mas, após diversos processos de fusões e aquisições, é gerida por capital internacional e tem sua sede em Cingapura.

Além disso, o Departamento do Tesouro também falou em segurança e proteção do patrimônio nacional pelo mesmo motivo. A preocupação é em relação à entrega de componentes e soluções que estão nas mãos desde cidadãos até agências governamentais a "entidades estrangeiras", por meio de contratos e parcerias.

É um embate que a Broadcom já vem tendo há algum tempo. O Departamento do Tesouro apresentou relatório citando 79 transações realizadas pela empresa em 2016, com cinco delas sendo abandonadas justamente por causa de problemas de segurança, enquanto outras sete foram deixadas de lado sem motivo definido. Para o governo, se trata de um precedente perigoso, que se torna ainda mais ameaçador quando falamos de um processo de compra hostil, como o que está em andamento.

As questões podem derrubar a negociação, turbulenta desde seus primórdios e antes mesmo de ser anunciada. A Broadcom vem fazendo diferentes movimentos para adquirir a Qualcomm, realizando propostas bilionárias e atuando junto à mesa de diretores para levar a fabricante de chips a se explicar e aceitar seus termos. Com o governo se opondo, entretanto, a coisa pode ficar mais complicada.

Entretanto, há uma alternativa. Uma possibilidade para a Broadcom é abandonar o negócio, mas somente enquanto sua transferência de sede é finalizada. Após anos atuando a partir da Ásia, a fabricante trabalha em seu retorno aos Estados Unidos, num movimento que ainda precisa de autorização governamental. Depois disso, uma nova proposta poderia ser feita sem a necessidade de uma análise do Tesouro, pois se trata de um negócio entre duas companhias domésticas.

Há quem diga, entretanto, que as preocupações do governo quanto aos gastos com pesquisa e desenvolvimento podem, ainda assim, se tornarem um empecilho. A Broadcom tem uma tendência de enxugar valores nesse sentido e distribuir os trabalhos entre diversos países, com a compra podendo exigir uma mudança nesse tipo de pensamento. Para especialistas, pode ser que essa alteração na rota, simplesmente, não valha a pena.

Em comunicado oficial, entretanto, a Broadcom afirmou ainda estar trabalhando no processo de aquisição e que deseja se tornar a líder mundial em fabricação de chips, navegando, principalmente, na onda das conexões 5G. Ela discorda das afirmações do governo sobre gastos com pesquisa e afirma que a união com a Qualcomm gerará mais recursos justamente para esse fim, enquanto diz acreditar que a permanência da fabricante como independente vai contra o interesse do país devido à atual "gestão 'falha' da companhia".

Por fim, afirma estar confiante de que uma aprovação virá ao longo das próximas semanas, antes de uma nova reunião da diretoria da Qualcomm. Marcada para esta semana, a votação de novos membros da diretoria - que deve apontar uma série de executivos partidários à aquisição, que exigirão explicações e forçarão um aceite - foi adiada para o início de abril, justamente devido a temores regulatórios e na expectativa de um maior avanço no processo de relocalização da Broadcom.

A compra da Qualcomm pela Broadcom levaria à criação da terceira maior fabricante de semicondutores do mundo. Pela proposta mais recente, US$ 117 bilhões seriam pagos pela empresa americana, no que constituiria, também, uma das maiores transações do tipo a serem realizadas na história da indústria de tecnologia.

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