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Funcionários da Google pedem encerramento de projeto em conjunto com o Pentágono

5 abr 2018 - 13h29
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No último mês, o projeto Maven veio à tona, revelando que a Google estava oferecendo recursos para o Departamento de Defesa dos Estados Unidos (D.O.D., em inglês). A iniciativa é voltada à pesquisas, visando desenvolver algoritmos de visão computacional que possam analisar imagens de drones. Contudo, mais de 3.100 funcionários da gigante de buscas assinaram uma carta pedindo para que o CEO da empresa, Sundar Pichai, reavalie o envolvimento da empresa com esta proposta, alegando que a "Google não deveria se envolver no setor de guerras".

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Foto: Canaltech

No passado, outras empresas de tecnologia como a Amazon e a Microsoft já trabalharam em projetos em prol da defesa do país, e até mesmo a própria Google já rejeitou laços visando pesquisas militares como, por exemplo, quando negou fundos da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA), após adquirir uma série de empresas de robótica ligadas à organização de pesquisa militar. Com este histórico em mente, para os funcionários da gigante de buscas, é imprescindível que a empresa não esteja envolvida com o projeto Maven, uma vez que "a história única da Google, seu lema 'não seja mau', e seu alcance direto na vida de bilhões de usuários, a diferenciam".

O que é o projeto Maven?

O projeto Maven começou em abril do ano passado, mas os detalhes e quais tipos de dados exatamente a Google está fornecendo ao D.O.D. não estão claros. O que se supõe é que a iniciativa partiu do Pentágono, com o intuito de melhorar as imagens fornecidas por drones. Em um comunicado à imprensa, um porta-voz da gigante de buscas afirmou que a companhia estava entregando ao Departamento de Defesa acesso ao seu software TensorFlow de código aberto, e que também é usado em aplicativos voltados para aprendizado de máquinas, capazes de compreender o conteúdo capturado em fotografias.

De acordo com a Google, o trabalho no Projeto Maven não é ofensivo, e a chefe de operações em nuvem da companhia, Diane Greene (que também faz parte do conselho de administração da Alphabet), relata que a tecnologia não será usada para "operar ou voar drones", e que "não será utilizada para lançar armas". Todavia, mesmo com estas afirmações, os funcionários que assinaram a carta endereçada à Pichai contra-argumentam que "isso elimina um conjunto restrito de aplicações diretas". Ainda no documento, é dito que a "tecnologia está sendo construída para as forças armadas e, uma vez entregue, pode ser facilmente usada para ajudar nestas tarefas".

Valores em jogo

A carta segue pedindo para que a Google pare de se envolver no projeto Maven, e ainda apela para que a companhia crie e cumpra uma política interna, a qual declararia que a marca não se engajaria na construção de tecnologias voltada para a guerra. "Este contrato coloca em risco a reputação da Google e está em oposição direta aos nossos principais valores", afirma o documento. "Construir esta tecnologia para ajudar o governo dos Estados Unidos na vigilância militar - e resultados potencialmente letais - não é aceitável".

Em uma entrevista ao The New York Times nesta terça-feira (3), um porta-voz da Google declarou, em resposta à carta, que "qualquer uso militar de aprendizado de máquinas naturalmente levanta preocupações válidas", dizendo, também, que "estamos ativamente engajados em uma discussão por toda a empresa que envolve este importante tópico". Por fim, a publicação da gigantes de buscas acrescenta que "a tecnologia é usada para sinalizar imagens que serão analisadas por humanos, com a intenção de salvar as vidas das pessoas, e poupar as pessoas de executarem um trabalho altamente tedioso".

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