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Apps de encontros deveriam se responsabilizar pelo aumento de DSTs no mundo?

13 nov 2017 - 18h06
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Aplicativos que promovem encontros casuais, como Tinder e Grindr, não querem responder sobre sua participação no crescente número de doenças sexualmente transmissíveis em todo o mundo. De acordo com especialistas em saúde sexual, o uso desses aplicativos estaria promovendo uma nova onda de DSTs tanto entre o público hetero, quanto no público homossexual.

apps de encontros e DSTs
apps de encontros e DSTs
Foto: Canaltech

Somente em 2015, nos Estados Unidos, houve um aumento de 79% nos casos de sífilis, 30% na ocorrência de gonorréia e 33% nos registros de HIV positivo em comparação com o ano anterior, enquanto que, em 2016, foram observados mais de 2 milhões de casos de clamídia, gonorréia e sífilis no país. Segundo especialistas, esse registros preocupantes acompanham a popularização dos aplicativos de encontros.

Entre as razões para a disseminação de DSTs na sociedade está o sexo desprotegido, sem que seja feito o uso de preservativos. Mas, ainda que os apps não tenham uma responsabilidade direta quanto ao problema, que é de saúde pública e, portanto, deve ser tratado pelos órgãos públicos, há quem acredite que os apps que promovem encontros casuais deveriam fazer campanhas de conscientização em prol do sexo seguro.

O problema é que, ao menos por enquanto, a maioria das empresas responsáveis por esse tipo de aplicativo não está se mostrando aberta para se envolver na prevenção de doenças sexuxalmente transmissíveis, e também não chegaram a reconhecer publicamente seu papel, ainda que indireto, no aumento de DSTs por aí.

De acordo com Jeffrey Klausner, professor de medicina e pesquisador de DSTs da universidade UCLA, os apps "hesitam na hora de apoiar a saúde sexual", ainda que eles "reconheçam que seus serviços possam ficar estigmatizados ou serem associados às DSTs". 

Estudos comprovam a relação entre os apps e as DSTs

Para comprovar a relação entre o uso de aplicativos de encontros e o aumento da incidência de doenças sexualmente transmissíveis, há diversos estudos já realizados. Um deles mostrou que, entre 1999 e 2008, houve um aumento de 16% nos casos de HIV positivo associados ao uso do Craigslist. Outra pesquisa mostrou que, no estado de Nevada, nos EUA, um número recorde de casos de sífilis foi registrado, em parte, pelo uso das redes sociais com finalidades sexuais.

Ainda, há estudos alegando que pessoas que usam esses apps têm uma vida sexual mais ativa do que aqueles que não contam com aplicativos para conhecer novos parceiros, reforçando a ideia de que o uso dos apps está ligado ao aumento das DSTs. Com isso, já existe uma força-tarefa por parte de oficiais de saúde pública nos EUA visando a conscientização de usuários de apps de encontros quanto à importância do sexo seguro. Ainda, esses oficiais pretendem trabalhar junto com as empresas que desenvolvem os apps, para que elas emitam comunicados e alertas aos usuários quanto à saúde sexual.

Um desses serviços que já abraçou a conscientização é o Daddyhunt, voltado para o público gay masculino. Cinco de seus comunicados destinados aos usuários chegaram a ter mais de 2 milhões de visualizações. Mas, enquanto nada for feito por parte dos aplicativos que dominam este mercado, é possível que continuemos vendo o número de pessoas infectadas por DSTs crescendo.

Assim como apps como Uber e Lyft transformaram a maneira como nos locomovemos pelas cidades e, portanto, tiveram que enfrentar regularizações e se adaptar à mudança cultural que geraram, os apps de encontros mudaram a forma das pessoas se conectarem para fins sexuais e, portanto, para quem atua com a saúde sexual pública, está na hora de esses aplicativos reconhecerem tal impacto, começando a lutar contra as doenças sexualmente transmissíveis em conjunto com os órgãos públicos.

Canaltech Canaltech
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