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Apple procurou o FBI para desbloquear iPhone de atirador

9 nov 2017 - 12h01
(atualizado às 12h37)
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iPhone 7
iPhone 7
Foto: Canaltech

A Apple refutou a acusação do FBI de que estaria, mais uma vez, dificultando as investigações sobre um crime federal. Pelo contrário - a empresa disse que, desta vez, ofereceu ajuda à agência ao descobrir que Devin Patrick Kelley, o atirador que matou 26 pessoas em uma igreja no estado americano do Texas, era um usuário de iPhone.

Em comunicado oficial, a empresa afirmou que ofereceu auxílio ao FBI "imediatamente" e deixou seu time jurídico de sobreaviso para que pudesse atuar de forma rápida em relação às ordens judiciais e processos relacionados ao caso. Entretanto, afirma não ter recebido nenhuma resposta dos agentes envolvidos na investigação.

Caso a agência tivesse aceitado o pedido de ajuda - ou mesmo a solicitado diretamente, algo que também não aconteceu, segundo a Apple - informações importantes poderiam ter sido descobertas. Tudo por causa de um sistema de segurança embutido no iOS, que caso fique inativo e sem ser desbloqueado por impressões digitais durante 48 horas, passa a exigir somente a senha de acesso do usuário, em vez dos dados biométricos.

A Apple afirma que, agora, é impossível restabelecer o aceso aos dados contidos no celular, uma vez que nem mesmo a própria empresa tem acesso às senhas secretas e dados presentes na memória dos aparelhos. Entretanto, durante a janela em que a biometria ainda estaria ativa, a companhia poderia ter auxiliado o FBI a acessar tais informações.

No começo da semana, a agência divulgou comunicado criticando duramente as empresas de tecnologia, sem citar nomes, por mais uma vez terem protocolos de segurança que entram no caminho de investigações desse tipo. Originalmente, o FBI não revelou detalhes sobre o smartphone usado pelo atirador, sob o pretexto de que essa informação poderia ser usada por criminosos de forma a proteger suas próprias atividades. Depois, entretanto, veio a informação de que se tratava de um iPhone, cujo modelo não foi citado.

Em declarações informais ao jornal americano The Washington Post, um dos agentes do FBI envolvidos na investigação disse que a agência recebeu a oferta da Apple por ajuda, mas não a julgou necessária, pois os próprios especialistas já estariam trabalhando no caso. Nesse meio tempo, todavia, expirou o período de dois dias, e, com a ativação da segurança por código, é possível que os dados estejam trancados para sempre.

O caso demonstra uma mudança de postura de ambas as partes em relação ao que aconteceu em 2016, mas ainda assim sem que elas chegassem a um consenso. Um dos terroristas responsáveis pelo ataque a um centro comunitário na cidade de San Bernardino, também nos EUA, possuída um iPhone 5c, que, na visão do FBI, poderia conter informações relevantes sobre cúmplices e etapas de planejamento.

O que se seguiu, então, foi uma longa batalha judicial entre o governo dos EUA e a Apple, na tentativa de obrigar a fabricante a criar backdoors para permitir a entrada de agentes da lei durante investigações. A Maçã se recusou ativamente a fazer isso, alegando estar agindo para proteger seus usuários, e a disputa somente foi encerrada depois que o próprio FBI disse ter pago um valor estimado em US$ 1 milhão para hackers desenvolverem ferramentas de quebra às proteções do iPhone. As informações contidas no celular, entretanto, não teriam sido úteis à investigação.

O massacre no Texas aconteceu no último domingo (5), quando Devin Patrick Kelley disparou mais de 400 balas de fuzil em uma igreja batista, matando 26 pessoas e ferindo outras 20. Ele ainda entrou em confronto com moradores armados, sendo perseguido por eles enquanto tentava fugir de carro, e acabou se matando quando percebeu que não conseguiria escapar.

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