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Após críticas e pedidos de demissão, Zuckerberg mantém texto de Trump no ar

Nos últimos dias, a empresa tem sido bastante criticada por não rotular ou remover publicações de Trump a respeito de desinformação sobre o coronavírus ou os protestos que ocorrem na semana nos EUA

2 jun 2020 - 20h26
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Presidente executivo do Facebook, Mark Zuckerberg manteve sua posição de não fazer nada a respeito das declarações inflamadas do presidente americano Donald Trump em sua rede social. Em discurso a funcionários nesta terça-feira, 2, o executivo afirmou que a decisão foi "muito difícil", mas "muito minuciosa", segundo reportagem do New York Times, que obteve acesso a um áudio da reunião.

No debate, conduzido com funcionários por videoconferência, Zuckerberg tentou justificar sua posição, dizendo que as políticas e princípios da empresa sobre liberdade de expressão acreditavam ser essa a maneira correta de agir. Nos últimos dias, a empresa tem sido bastante criticada por não rotular ou remover publicações de Trump a respeito de desinformação sobre o coronavírus ou os protestos que ocorrem na semana nos EUA.

A reação começou depois que o Twitter adicionou etiquetas aos tuítes de Trump, dizendo que o presidente estava incitando a violência ou fazendo declarações falsas. Uma delas falava sobre os protestos em Minneapolis, por conta da morte de George Floyd. "Quando os saques começam, os tiros também", escreveu o presidente americano. As mesmas mensagens apareceram no Facebook, mas a rede social de Zuckerberg não fez nada.

Durante a reunião, Zuckerberg disse que sabia que muitas pessoas ficariam chateadas com a empresa e declarou que teria de separar sua opinião pessoal sobre o assunto de uma decisão a respeito do que a empresa faria. Na reunião, o executivo reiterou mais uma vez que não pretende ser um "árbitro da verdade" e acredita que o que líderes mundiais publicam em sua rede social é de interesse público, independentemente de violar as regras da plataforma.

A polêmica é também interna - nesta terça-feira, diversos engenheiros do Facebook pediram demissão em protesto às condutas de Zuckerberg, enquanto ex-funcionários da empresa criticaram sua postura perante a desinformação. Um dos engenheiros chegou a dizer que o Facebook vai "ficar do lado errado da história". Na segunda-feira, centenas de funcionários fizeram uma "passeata virtual" em protesto à postura do presidente executivo da rede social, que chegou a conversar com Trump por telefone na semana passada e pediu moderação ao político, conforme revelou o site especializado em tecnologia Axios.

"Usei a oportunidade para fazê-lo saber que eu acreditava que seu post era inflamatório e danoso", disse Zuckerberg aos funcionários. O executivo, porém, reiterou durante a chamada que Trump não quebrou nenhuma das políticas da empresa. Um dos engenheiros que se demitiram nesta terça-feira, Timothy Aveni, criticou essa postura. "O Facebook vai sempre mover a linha de referência quando Trump subir o tom, achando desculpas atrás de desculpas para não agir sob a retórica danosa do presidente", afirmou.

O sentimento de insatisfação também ecoou na reunião. "Por que algumas das pessoas mais inteligentes do mundo estão focadas em contorcer e mudar nossas políticas para evitar o confrontamento contra Trump", questionou um funcionário do Facebook. Já o engenheiro Brandon Call chegou a tuitar sobre o tema. "Ficou claro como um cristal que a liderança da empresa se recusa a se posicionar conosco." / TRADUÇÃO DE BRUNO CAPELAS

Estadão
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