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Ações do Facebook operam com queda de 19% nesta quinta-feira

Após escândalo de privacidade e projeções ruins, empresa vê desânimo dos investidores; na quarta, rede social perdeu US$ 128 bilhões em valor após o fechamento do mercado

26 jul 2018 - 12h38
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Um dia após perder US$ 128 bilhões em valor em apenas algumas horas após o fechamento do mercado, o Facebook vê suas ações operaram com baixa de 19% nesta quinta-feira, 26.

O preço dos papéis, cotados em cerca de US$ 175, refletem o pessimismo dos investidores após a divulgação dos resultados financeiros da empresa na última quarta-feira, 25 - com projeções ruins e imagem arranhada por diversos escândalos, o Facebook viu suas ações serem negociadas com queda de 20% depois do pregão de ontem, fazendo o valor da empresa cair.

Só o presidente executivo Mark Zuckerberg viu sua fortuna cair em US$ 16 bilhões. A queda das ações do Facebook também derrubou o mercado de tecnologia.

Entenda o caso. A perda de valor de mercado registrada na noite de ontem superou os US$ 95 bilhões de desvalorização no auge do caso Cambridge Analytica. O caso mostrou como o Facebook tomou uma série de decisões erradas nos últimos anos ao não proteger a privacidade de seus usuários - no escândalo, a consultoria obteve indevidamente as informações de 87 milhões de pessoas pela rede social. A empresa também enfrentou críticas por permitir a propagação de notícias falsas durante a campanha presidencial dos EUA, em 2016.

A onda de notícias negativas fez o Facebook mudar suas políticas de privacidade e segurança. Mark Zuckerberg, cofundador da rede social, deu explicações nos EUA e na Europa. O trabalho de contenção de crise parecia ter dado resultado. "A credibilidade do Facebook com investidores foi afetada. Se os resultados e projeções fossem bons, o impacto poderia não acontecer. Mas não foi o caso", disse o professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Pedro Waengertner.

Usuários. No fim de junho, o Facebook atingiu 2,23 bilhões de usuários ativos mensalmente em sua rede social - aumento de 1,54% na comparação com o primeiro trimestre de 2018. É o menor ritmo de crescimento de usuários da empresa em três anos - e metade da média para o período, que ficou acima de 3% por trimestre. Em mercados desenvolvidos, o resultado foi ainda pior: nos EUA, a empresa ficou estável em 241 milhões de usuários. Na Europa, onde uma nova legislação de privacidade de dados entrou em vigor em maio, o Facebook perdeu 1 milhão de usuários, caindo para 376 milhões de cadastros ativos todos os meses.

Em conferência com investidores, o diretor financeiro da empresa, David Wehner, atribuiu o mau resultado à nova lei da União Europeia, que restringe a atividade de empresas de tecnologia e pode aplicar multas de até 4% de sua receita global. "Continuar crescendo em número de usuários já era um desafio por si só. Com o escândalo, ficou ainda mais difícil", avaliou Waengertner.

Receita. No segundo trimestre de 2018, o Facebook viu sua receita atingir US$ 13,2 bilhões, crescimento de 42%, abaixo do ritmo dos últimos períodos - no primeiro trimestre, a empresa viu a métrica subir 50%, por exemplo.

E não há previsão de melhora no horizonte. O diretor financeiro da empresa anunciou que espera ver mais quedas na expansão da receita nos próximos trimestres. "É uma combinação de fatores, entre câmbio, foco em novas experiências, como (as mensagens efêmeras) Stories, e (medidas para) dar mais poder de privacidade aos usuários", disse Wehner.

Além disso, os gastos da companhia subiram consideravelmente no período, devido a uma maior preocupação com a segurança e a privacidade dos usuários, em resposta ao escândalo da Cambridge Analytica. No segundo trimestre, as despesas totalizaram US$ 7,3 bilhões, crescimento de 48% na comparação com o mesmo período do ano passado.

O ritmo de crescimento nas despesas deve continuar a subir também nos próximos meses, informou o executivo financeiro. De acordo com Wehner, as margens operacionais da empresa devem se estabilizar em cerca de 30% pelos próximos três anos. No último trimestre, o porcentual ficou em 38%; entre janeiro e março, o indicador havia marcado 41%.

Estadão
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