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Talibã começa a pagar servidores públicos do Afeganistão

20 nov 2021 - 18h06
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Em meio a uma crise econômica crescente, o Talibã informou que retomará o pagamento de salário a servidores do país, incluindo os três meses atrasados. Grupo diz ter obtido receitas, mas não especificou de onde vinham.O governo do Talibã no Afeganistão informou neste sábado (20/11) que começou a pagar os servidores públicos que estavam sem receber seus salários desde que o grupo islâmico tomou o poder em Cabul, em agosto. A mudança de regime desencadeou uma grande crise financeira no país.

Talibã começou a oferecer alguns serviços públicos, como a emissão de passaportes.
Talibã começou a oferecer alguns serviços públicos, como a emissão de passaportes.
Foto: DW / Deutsche Welle

"Vamos começar a pagar salários a partir de hoje. Vamos pagar os salários de três meses", disse Ahmad Wali Haqmal, porta-voz do Ministério da Fazenda, em uma coletiva de imprensa.

O pagamento será feito por meio do sistema bancário do país, mas ainda não está claro se os fundos chegarão ao que precisam deles.

Desde agosto, o setor bancário do Afeganistão entrou em colapso, e as pessoas com dinheiro em conta têm enfrentado dificuldades para ter acesso aos seus fundos, já que as agências restringem os saques.

Bilhões a mais nos cofres do estado

Na falta de dinheiro, a maioria dos funcionários do governo ainda não voltou ao trabalho. Muitos não tinham sequer sido pagos nos meses anteriores à chegada do Talibã ao poder.

Outro porta-voz do Talibã, Inamullah Samangani, disse no sábado que a arrecadação havia aumentado recentemente.

"O Ministério das Finanças diz que, nos últimos 78 dias úteis dos últimos três meses, geramos uma receita de cerca de 26,915 bilhões de afeganes (R$ 1,6 bilhão)", afirmou.

"Apenas na quarta-feira coletamos 557 milhões de afeganes em receitas", disse Samangani, citando o Ministério das Finanças, e acrescentando que o pagamento de aposentadorias também seria retomado em breve.

Talibã pede fundos ao Congresso dos EUA

A crise financeira do Afeganistão foi agravada desde que Washington congelou a ajuda a Cabul e o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional interromperam o acesso do Afeganistão a financiamento.

A situação forçou os afegãos a vender seus bens domésticos para arrecadar dinheiro para comprar alimentos e outros bens essenciais, em meio à desvalorização da moeda e à disparada dos preços.

Doadores estrangeiros, liderados pelos Estados Unidos, costumavam bancar mais de 75% dos gastos públicos do governo anterior do Afeganistão, que foi apoiado por Washington por 20 anos.

EUA: Apoio deve ser "conquistado"

O Talibã enviou uma carta aberta ao Congresso americano na quarta-feira, pedindo aos congressistas que liberassem os ativos congelados após a tomada do poder no país e advertindo que a turbulência econômica no Afeganistão poderia levar a problemas no exterior.

Mas a administração do presidente Joe Biden disse na sexta-feira que Cabul deve fazer mudanças antes de receber os fundos.

"A legitimidade e o apoio devem ser conquistados por ações para enfrentar o terrorismo, estabelecer um governo inclusivo e respeitar os direitos das minorias, mulheres e garotas, incluindo a igualdade de acesso à educação e ao emprego", disse Thomas West, representante especial dos EUA para o Afeganistão, em um comunicado.

Washington congelou quase US$ 9,5 bilhões (R$ 53 bilhões) em ativos pertencentes ao Banco Central afegão. Mas West citou a atual seca e a pandemia para dizer que os americanos também estavam contribuindo para enfrentar a calamidade financeira no país.

"Os EUA continuarão a apoiar o povo afegão com ajuda humanitária", disse, mencionando que 447 milhões de dólares (R$ 2,5 bilhões) já haviam sido destinados ao país neste ano.

bl (AFP/Reuters)

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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