Quarta-feira, 19 de março de 2001
O casamento da música erudita com o ritmo afro-brasileiro encerrou o encontro da Sociedade Interamericana de Imprensa em Fortaleza. Durante o almoço oferecido pela Prefeitura de Fortaleza, ontem à tarde, no restaurante La Maison Dunas, a Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho e o Maracatu Nação Baobá se apresentaram para os mais de 300 integrantes da SIP.
Uma manifestação cultural conectada com o Nordeste brasileiro, o Maracatu Nação Baobab desfilou, entre as mesas do restaurante, com 50 dos 1.200 componentes. As cores e o brilho das roupas exibiram aos convidados um pouco da história escravista no Ceará. Ovacionados a cada 10 minutos, os músicos da Orquestra e os integrantes do Maracatu mostraram que a fusão do clássico com a batida do afro-brasileiro, um acontecimento inédito, é perfeitamente harmônica.
Para o presidente do Nação Baobab, Raimundo Praxedes, "esse fato marca a história da criação do nosso Maracatu. Muitos dos nossos componentes nunca tinham visto um violino e durante os ensaios ficaram deslumbrados". Com a idéia de envolver no ritmo da percussão toda a comunidade do bairro São Gerardo, local onde germinou o Nação Baobá, o grupo tem apenas seis anos de existência e muito história para contar. "todos os nossos integrantes vieram da favela e hoje sabem muito sobre a cultura afro-brasileira".
A orquestra Eleazar de Carvalho, referência da música erudita no Ceará, foi fundada em dezembro de 1996. Surgiu com o objetivo de formar uma platéia de música de concerto, mas ontem abriu uma excessão. A batida característica da percussão do Maracatu foi transcrita para as cordas dos violoncelos, violas, violinos e contra-baixos. "Um ritmo que ficou bastante interessante na linguagem orquestrada" diz o maestro Márcio Landi. No final da apresentação o presidente da SIP, Danilo Arbilla, foi convidado para coroar a rainha do Maracatu Nação Baobá.
Vanessa Alcântara/O Povo