Quarta-feira, 19 de março de 2001
Mais liberdade, também mais responsabilidade. Aos participantes do encontro da SIP, encerrado ontem em Fortaleza, o sociólogo Domenico de Masi resolveu inverter a ordem - ao invés de falar sobre direitos, ele listou os deveres dos jornalistas. Para ele, é um mundo que está mudando, um jornal tem que, cada vez mais, produzir idéias, ser ético, confiável e belo. Ao lado dos deveres, os pecados da imprensa. De Masi diz que um deles é a opção preferencial de botar panos quentes em fatos evidentes. Também, na mesma grandeza, enfatizar e dar excesso de emoção ao fato e, por fim, induzir o leitor.
Ele alertou aos empresários e jornalistas presentes para o perigo de um um modelo chamado industrial. "Trata-se de um liberalismo exagerado, onde a competitividade é destrutiva, as finanças destroem a economia, a velocidade destrói a lentidão". Adotar esse modelo, segundo o sociólogo, é correr o risco de perder a alegria, a sensualidade enquanto vitalidade e exagerar nas relações de medo. Para o mestre internacional em sociologia do trabalho, as redações devem ser grupos criativos, entusiastas e livres.
Ele lançou mão de uma frase do arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer e a adaptou para a área de atuação do público da SIP: "O jornalismo não é tudo. O que é importante é a vida e esse mundo que temos de modificar". Em outras palavras, a missão de melhorar a dimensão individual e universal do homem. À platéia, formada por representantes das três Américas, ele deu uma recomendação especial aos jornalistas brasileiros, "valorizar o humor".
CONHEÇA O SOCIÓLOGO
Sociólogo e professor da Universidade de Roma (Itália), Domenico é um dos principais teóricos da sociedade pós-industrial e criatividade no trabalho, além de consultor de grandes organizações. É fundador da escola Ciências Organizativas S-3 Studium onde são preparados futuros dirigentes de empresas européias. Domenico é autor de A emoção e a Regra, Desenvolvimento sem Trabalho e a Sociedade Pós-industrial, entre outros. A revista Next (https://www.nextonline.it), da qual é editor, deve ganhar um versão em português ainda em outubro.
Ariadne Araújo/O Povo